As competições jovens de futsal promovidas pela Associação de Futebol de Ponta Delgada (AFPD) são, sem dúvida, um exemplo notável de como o desporto pode ser uma força transformadora. O crescimento do futsal nos Açores, impulsionado por clubes como CD Santa Clara, GDCP Livramento, GD São Pedro e Clube Ana, reflete o empenho coletivo em dinamizar esta modalidade. No entanto, apesar do progresso visível, persistem desafios estruturais que impedem uma expansão ainda mais robusta.

O CD Santa Clara, com seis equipas de formação, incluindo uma equipa sénior feminina, demonstra que investir no desporto feminino é fundamental para a evolução do futsal. O GDCP Livramento reforça essa perspetiva ao competir a nível nacional com a sua equipa sub-19 feminina, enfrentando os custos associados com coragem e determinação. Estes exemplos não só inspiram outros clubes, mas também mostram que, quando há vontade e visão, é possível alcançar resultados significativos.

Por outro lado, clubes como GD São Pedro e Clube Ana, ambos da ilha de Santa Maria, apresentam exemplos de resiliência e compromisso. A aposta contínua em equipas jovens e femininas é crucial para a diversificação da prática desportiva. A Atalhada FC, em São Miguel, ao retomar a atividade no feminino, reforça a importância de iniciativas locais para revitalizar o futsal feminino. Porém, o desenvolvimento equilibrado desta modalidade exige mais do que esforço individual dos clubes; requer condições adequadas e apoio estruturado das entidades responsáveis.

As questões infraestruturais, como as enfrentadas pela Fazenda SC no concelho de Nordeste e pelas instalações de Santo Espírito, em São Miguel, expõem lacunas graves no planeamento desportivo regional. É inaceitável que clubes e atletas tenham de lidar com pavilhões inadequados e balneários insuficientes, condições que comprometem a prática desportiva e, em última instância, o progresso da modalidade. Estas falhas revelam uma falta de compromisso das autoridades em garantir um ambiente desportivo de qualidade.

É essencial que a AFPD, em parceria com as autoridades locais, priorize o planeamento e a fiscalização de instalações desportivas. A adequação dos pavilhões às normas regulamentares não deve ser vista como um luxo, mas como uma obrigação. Só assim será possível sustentar o crescimento do futsal em São Miguel e Santa Maria, assegurando que todos os jovens, independentemente do género ou localização, possam desenvolver o seu potencial num ambiente digno e seguro. O futuro do desporto regional depende dessas decisões hoje.

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