O coordenador da IL nos Açores, Nuno Barata, defendeu hoje que os órgãos de comunicação social privados, que “reclamam apoios da região para sobreviverem”, devem “fazer um esforço” para se manterem no mercado “financiados pela economia”.

“Os órgãos de comunicação social que neste momento reclamam apoios da região para sobreviverem têm é que fazer um esforço de mostrarem aos açorianos, às empresas e às instituições que se podem manter no mercado sendo financiados pela economia. Se assim não for não faz sentido o Estado pagar a essas instituições”, afirmou Nuno Barata.

Nuno Barata, cabeça de lista pelos círculos de São Miguel e da compensação, falava em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita à Casa do Povo da Maia, na ilha de São Miguel, numa ação de campanha para as eleições regionais antecipadas de 04 de fevereiro.

Dezasseis órgãos de comunicação social privados dos Açores enviaram aos partidos que concorrem às eleições regionais uma carta alertando para a “dramática situação” vivida no setor e sugerindo um “acordo de regime” sobre os apoios a atribuir.

Questionado sobre a missiva, Nuno Barata sublinhou que é preciso ter “uma comunicação social forte, um quarto poder forte”, mas alertou que “a democracia não se garante com o financiamento público dos ordenados dos jornalistas”.

“Nós não somos defensores dessa solução. A nossa solução é uma solução liberal. É uma solução em que aqueles que conseguirem estar no mercado, estão no mercado. Nós entendemos que há mercado. É preciso é mudar a forma de fazer”, considerou o dirigente regional da Iniciativa Liberal (IL).

Nuno Barata recordou que “uma das razões” para o voto contra da IL ao Orçamento Regional para 2024 foi “precisamente” porque o documento “tinha um milhão e 500 mil euros inscritos”, que, no seu entendimento, seria “uma forma encapotada de mais tarde o Governo pagar ordenados a jornalistas” para “provavelmente fazerem fretes ao Governo, continuarem a fazer fretes às grandes corporações como as câmaras do comércio e as federações agrícolas, que lhes pagam alguma da publicidade”.

“Tenho muita pena que encerrem títulos. Tenho muita pena que encerrem rádios. Mas, se não há capacidade de sobreviverem com o mercado então não faz sentido a região estar a investir nessa matéria”, sustentou o candidato, para quem “os açorianos não precisam de pagar órgãos de comunicação social”.

A carta noticiada na terça-feira pela Antena 1/Açores, e a que Lusa teve acesso, é assinada pelos diários Açoriano Oriental e Correio dos Açores, em representação também dos jornais Diário Insular, Incentivo, Diário dos Açores, Dever, Ilha Maior, Jornal do Pico, Tribuna das Ilhas, e das rádios Atlântida, R80, Rádio Clube de Angra, Asas do Atlântico, Antena Nove, Cais e Rádio Comercial dos Açores.

Referindo o papel da comunicação social como “pilar do regime democrático e da própria autonomia” regional, e sublinhando que o seu trabalho é também de serviço público, os órgãos recordam a existência do programa Promédia, mas pedem outros apoios “vitais para a sua sobrevivência, nomeadamente o apoio aos custos de exploração e produção, que sofreram todos aumentos incomportáveis nos últimos anos”.

Dado não ter sido possível discutir atempadamente uma proposta de decreto legislativo regional sobre os apoios, e para que o tema entre na campanha para as eleições açorianas de 04 de fevereiro, os subscritores querem conhecer as ideias dos partidos sobre o tema e pedem uma audiência com os seus representantes, para expor pessoalmente as suas preocupações.

Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais, com 57 lugares em disputa no hemiciclo: PSD/CDS-PP/PPM (coligação que governa a região atualmente), ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, Chega, BE, PS, JPP e Livre.

PUB