Muito sol na moleirinha nunca foi coisa saudável, diziam os antigos, com isso prevenindo os desarranjos que a insolação provoca em certas cabecinhas. Até ver, essa sabedoria continua válida, se se preferir, lúcida, a avaliar pelo que vai sendo dito na praça por alguns políticos regressados de banhos. E muitos parecem tomados pela ansiedade do fim do verão, ou melhor dizendo, pela síndrome do orçamento, como se sabe, um transtorno político sazonal.
As semanas que antecedem a votação do Plano e Orçamento da Região deixam toda a oposição intranquila e agitada. Não há forma de disfarçar. A zombaria sobe de tom e volume na proporção inversa ao acerto dos argumentos, para pasmo e indiferença dos eleitores.
Assim tem sido. Mas o próximo novembro é oportunidade derradeira para a sobrevivência política do dr. Cordeiro. Aprovado o Orçamento e, consequentemente, sem eleições antecipadas, lá se vai a candidatura ao Parlamento Europeu. E, pior do que isso, fica obrigado a ir a votos contra Bolieiro.
Portanto, a tática é fazer declarações vistosas, mesmo que o passado tenha sido sombrio. Por exemplo, nas finanças. Esvaziados os cofres da Fazenda Pública e o bolso dos contribuintes, o dr. Cordeiro presume que também esvaziou a memória dos seus governados. Basta olhar o céu. Cada aviãozinho que passa, logo se nos aviva os milhões de euros que deixou a descoberto na SATA. Mais um serviço regional de saúde sem remédio e uma educação maltratada.
O que importa é olhar para o futuro, dizem alguns com indisfarçável incómodo. Pois. O descaramento nunca teve passado.