As consequências do resultado eleitoral ainda estão por contabilizar, verdadeiramente. É no plano prático, no funcionamento das instituições, que se verá o que ditou a sentença popular do voto. Aí, sim, veremos o sentido institucional de cada um e até onde vai o propalado diálogo que o país necessita para seguir em frente.
Mas também muito será interessante verificar como se posicionará o Partido Socialista nesta nova conjuntura. Em três anos, os socialistas passam de uma maioria absoluta para metade dos mandatos no Parlamento, com a agravante de passarem a ser o terceiro partido, em razão do número de deputados eleitos – uma coisa nunca vista e que não pode ser analisada como das circunstais derrotas que em 50 anos atiravam o PS para a liderança da Oposição. Porque os socialistas deixam de ser a única alternativa à governação social-democrata.
Depois, há ainda os efeitos mais particulares desta nova geografia política do país. A futura liderança socialista terá de se pautar pela moderação e pelo combate construtivo ao governo de Montenegro. Só esse caminho poderá trazer o PS de volta ao arco da governação, ainda que sujeito a um tempo longo de oposição, pouco ao gosto dos “profissionais” da política, dos chamados aparelhos partidários, sempre ávidos do poder e das suas prebendas.
No caso de Francisco César o problema é maior, tendo agora em Lisboa, na liderança nacional, um adversário recente, que combateu como diretor de campanha de Pedro Nuno Santos.Como se vê, a política baseada em relações pessoais é efémera e quase sempre inconsequente.