O Serviço de Hemodiálise do Hospital de Ponta Delgada, nos Açores, está “obsoleto” e não consegue dar resposta às necessidades dos utentes, alertou hoje a Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, sublinhando a necessidade urgente de um novo espaço.
“A unidade de diálise [do Hospital do Divino Espírito Santo] tem um problema estrutural e a solução tem de passar pela construção de uma nova unidade e não fazer obras nas atuais instalações, pois não é o ideal”, disse à agência Lusa o presidente da direção da delegação dos Açores da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais Crónicos, Osório Meneses da Silva.
Este responsável reuniu-se com o conselho de administração do Hospital de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, onde foi abordada a atual situação de “degradação” da unidade de diálise, onde atualmente 123 utentes fazem hemodiálise.
“Saímos esperançados após a reunião com o conselho de administração, mas vamos solicitar, nos próximos dias, uma audiência ao presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, para que haja uma decisão que permita avançar de imediato com a construção de uma nova unidade”, adiantou Osório Silva.
Segundo explicou, o chefe do executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) esteve naquela unidade há mais de um ano, onde garantiu o seu “empenho na resolução dos problemas daquele serviço”, mas desde então “não se fez rigorosamente nada”.
“Mais grave. Não há ainda uma decisão política para se dar início ao processo de construção uma nova unidade de diálise”, em terrenos adjacentes ao Hospital de Ponta Delgada, apontou.
Osório Silva disse que a associação pretende ser “ouvida” pelo presidente do Governo Regional relativamente a um programa funcional de futuro do maior hospital dos Açores.
“Vamos pedir, nos próximos dias, uma audiência ao presidente do Governo Regional, para sensibilizá-lo e fazer perceber que deve ser ouvido quem conhece melhor em Portugal o funcionamento da hemodiálise pública e privada”, vincou.
O presidente da delegação dos Açores da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais Crónicos sustentou que a atual unidade “já não dá resposta às necessidades” dos doentes, já que o número de pessoas em diálise “é cada vez maior”.
“Há quatro anos tínhamos 90 doentes e hoje já temos 124 a fazer hemodiálise. E o cenário é de aumento, infelizmente”, referiu.
Osório Silva disse que está em causa “o bem-estar dos doentes”, lembrando que a associação tem vindo a alertar para os problemas no atual serviço “desde 2021”.
“O que existe é mau nos dias de hoje”, lamentou, considerando que “o ideal” seria ter, “até ao primeiro semestre de 2027”, uma nova unidade de diálise em São Miguel.
Quanto à reunião com a administração do Hospital de Ponta Delgada, o responsável disse ter existido compromisso para dar continuidade ao processo de construção de uma pala no exterior da unidade de diálise para proteção dos doentes em dias de mau tempo.
Outra das preocupações tem a ver com “a falta de médicos residentes no Serviço de Nefrologia”, tendo Osório Silva adiantado que, “a partir janeiro, estará ao serviço um terceiro clínico”.
“Há um esforço por parte dos clínicos, dos enfermeiros, e há resiliência por parte dos utentes face às condições existentes e todos reconhecem que há imensas falhas e que é preciso resolver a situação de imediato”, constatou.
Nos Açores existem mais de 400 doentes que fazem hemodiálise, segundo a delegação regional da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais.