A ilha Terceira, nos Açores, acolhe o Campeonato Mundial de Trauma e Desencarceramento, de 04 a 09 de novembro, onde participam cerca de 600 bombeiros de 23 países, foi hoje anunciado.

“Nós vamos ver as melhores práticas, em todo o mundo, com as vicissitudes que cada país tem, e vamos ver ao longo de quatro dias as equipas a competirem e a mostrarem o que há de melhor”, afirmou, em conferência de imprensa, Luís Figueiredo, presidente da Associação Nacional de Salvamento e Desencarceramento  (ANSD).

O evento, que já decorreu em Lisboa, em 2015, chega, este ano, aos Açores, numa organização conjunta da ANSD, representante da World Rescue Organization em Portugal, com Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Praia da Vitória, que já venceu o campeonato na vertente de trauma.

A participar nestes campeonatos desde 2016, os bombeiros da Praia da Vitória estão hoje mais bem preparados para responder a situações de desencarceramento e trauma, segundo o comandante Alexandre Cunha.

“Não só acho que estamos mais bem preparados, como acho que em consequência de estarmos mais bem preparados e da partilha que foi feita desses conhecimentos adquiridos com o resto dos elementos da nossa região, os bombeiros dos Açores hoje estão mais bem preparados”, frisou.

A competição “é o que aguça o apetite”, mas o campeonato é sobretudo uma oportunidade para aprender com “os melhores formadores do mundo em desencarceramento e trauma”.

“É o maior evento de prática simulada de bombeiros no mundo. Muito mais do que uma competição, é formação, é partilha de conhecimentos, que faz toda esta gente crescer, evoluir, para que no dia a dia, o serviço que nós prestamos à nossa comunidade seja cada vez melhor”, vincou Alexandre Cunha.

Em 2017, os bombeiros da Praia da Vitória organizaram o campeonato regional e em 2019 o campeonato nacional, mas já de olhos postos no mundial, segundo Luís Vasco Cunha, presidente da direção da associação.

“O facto de nós termos mar à nossa volta é muitas vezes usado como desculpa para a impossibilidade de fazer coisas que os outros fazem e acho que o nosso problema muitas vezes não é o mar, está em nós”, apontou.

Competem cerca de 600 bombeiros de 23 países, divididos em 71 equipas, incluído três dos Açores, que terão pela frente 180 cenários simulados de socorro a vítimas de trauma e de acidentes de viação.

Na Praia da Vitória, foi criada “uma cidade do campeonato do mundo, com sensivelmente 7.000 metros quadrados”, onde o público pode assistir, de forma gratuita, às provas, que decorrem das 8:00 às 19:00, e a espetáculos musicais à noite.

“Vão ter uma experiência no mundo dos bombeiros. Perceber o que é a camaradagem, o espírito de ajuda, de partilha de conhecimento, e depois perceber que isto afinal não é bom como nos filmes, mas talvez seja um bocadinho mais difícil. Se a população conseguir sair daquela cidade do mundial com a noção de que está muito mais segura, então aí já ganhámos todos”, frisou Luís Figueiredo.

Segundo o presidente da ANSD, Portugal “é reconhecido pela qualidade e empenho que coloca nos cenários” e a exigência das provas “assemelha-se muito à realidade”.

“Estão envolvidas cerca de 120 viaturas que vão ser destruídas”, revelou, acrescentando que uma grande parte foi cedida por uma marca e vem diretamente da fábrica, para que os bombeiros possam identificar “os desafios que o carro oferece em termos de segurança”.

Luís Figueiredo assegurou que os bombeiros portugueses estão “muito acima daquilo que é a qualidade em todo o mundo”.

“Detemos o título de campeões mundiais de desencarceramento e os bombeiros da Praia foram campeões mundiais na área do trauma”, salientou.

O campeonato arranca com uma Conferência Internacional de Trauma, em Angra do Heroísmo, com palestrantes de todo o mundo.

O evento conta com o apoio do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, dos municípios da Terceira e de várias empresas.

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