O líder do Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA) alertou hoje que a falta de docentes “devidamente habilitados” é um problema que “ainda se vai agravar” nos próximos anos e que deriva de “políticas erradas” de duas décadas.

“Isto é um problema que ainda se vai agravar nos próximos anos e que resulta essencialmente de políticas erradas, diria quase com duas décadas”, afirmou António Lucas.

Em declarações à agência Lusa a propósito do arranque de mais um ano letivo nos Açores, o sindicalista disse que os “problemas antigos são os mais problemáticos” e que “têm a ver com a falta de docentes devidamente habilitados”.

O dirigente sindical ressalvou que “a profissão deixou de ser atrativa e os cursos de formação de professores ficaram vazios”, apesar de este ano “haver alguns sinais de alguma retoma de alunos para estes cursos”.

Mas, “a primeira fornalha sairá daqui a quatro anos” e existe nos Açores “uma classe docente muito envelhecida”, salvaguardou.

António Lucas sublinhou que este problema é “agravado com assimetrias muito grandes na distribuição de docentes pelas ilhas”, questão que foi sinalizada em 2019 pelo SPRA.

“As crianças e jovens das Flores, do Corvo, de Santa Maria e da Graciosa não estão exatamente nas mesmas condições que estão os outros”, afirmou.

O sindicalista identificou como “problemas novos” do ensino nos Açores a “incapacidade do Governo para entregar atempadamente os equipamentos para os manuais digitais, que estão quase generalizados, com exceção do primeiro ciclo”.

Na segunda-feira, o Governo dos Açores disse que está a fazer tudo para resolver até ao final do mês a falta de manuais digitais e adiantou que esta semana os equipamentos vão começar a chegar às escolas da região.

Em declarações aos jornalistas, após a inauguração da escola dos Arrifes, em Ponta Delgada, a secretária da Educação adiantou que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) está em articulação com as entidades que “fornecem os equipamentos e as licenças” dos manuais digitais, que vão dar “primazia na resposta” às escolas dos Açores.

Ainda no âmbito das suas declarações à Lusa, António Lucas destacou, por outro lado, que “a maior incidência dos docentes sem habilitação profissional, e nalguns casos até sem habilitação académica, tem tido maior incidência em contratos de substituição”, denunciado que se “recorre sistematicamente e cada vez mais” a estes profissionais.

“Receio que, qualquer dia, o Governo Regional esteja a apresentar propostas de alteração aos concursos para permitir na contratação centralizada essas situações, porque, apesar de tudo, prefere-se ter um professor sem habilitação a não ter nenhum”, afirma o sindicalista.

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