Nem o governo regional nem a administração da SATA conseguem explicar o empréstimo danoso que a companhia aérea contraiu o ano passado junto do banco JP Morgan que custou 6 milhões de euros em apenas 9 meses. António Lima afirmou que o custo deste empréstimo “é mais um cachalote”, fazendo uma comparação com o negócio ruinoso do passado com o avião A330 que era conhecido por este nome devido à sua pintura.
O deputado do Bloco questionou hoje, no parlamento, os administradores do Grupo SATA e a secretária regional dos Transportes sobre de quem seria a responsabilidade da decisão de contratar este empréstimo de 60 milhões de euros, com uma taxa de juro de 10% e um spread de 6,25%. Para melhor se perceber a dimensão destes valores, é importante ter em conta que a empresa pública Portos dos Açores contraiu, no mesmo ano, um empréstimo também de 60 milhões de euros, mas com um spread de apenas 0,7%.
Na resposta, a administração do Grupo SATA referiu que o objetivo seria testar a capacidade que a SATA teria em aceder a um empréstimo, mas António Lima contrapõe que se o objetivo era testar o mercado, não seria necessário avançar com o empréstimo porque “a partir do momento em que o banco oferece as condições, o mercado está testado, não é preciso assinar o contrato”.
O Bloco considera que é importante perceber quem autorizou este empréstimo com condições tão negativas para a SATA: “Onde estava determinada a obrigação de contrair este empréstimo, quem o autorizou, e quem teve conhecimento?”, questões do deputado António Lima que ficaram sem resposta.
Ficou hoje a saber-se que o juro real deste empréstimo foi afinal de 20%, já que – como revelou a atual administradora financeira do Grupo SATA – dos 60 milhões de euros do empréstimo, o banco cativou 36 milhões como caução.
“É lamentável que o governo não tenha resposta para dar porque esta questão é muito grave e é muito séria”, disse António Lima.
Ainda no âmbito das audições de hoje sobre a situação financeira e operacional da SATA, António Lima aponta a enorme contradição que existe entre a estratégia de crescimento da empresa que está a ser seguida e o plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia, que impede o crescimento da empresa.
“Esta contradição gera um desequilíbrio” porque apesar de o plano de reestruturação retirar a capacidade de crescimento, na verdade a SATA está a contornar essa restrição, com o aumento da frota, com o aumento de rotas e com o aumento do recurso ao fretamento de aeronaves a outras companhias, com brutais aumentos de custos.
Por exemplo, a decisão da Comissão Europeia prevê um conjunto de medidas, entre as quais a limitação da frota a 14 aeronaves, 6 após a privatização da SATA Internacional, mas o grupo SATA tem 17 aeronaves e a SATA Air Açores já tem 7.