A Câmara do Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) criticou hoje a forma como foram desenhados os sistemas de incentivos europeus à iniciativa privada na região, que considera não serem suficientes.

“No caso do Construir 2030, achamos que o bolo do Estado é demasiadamente grande e que os privados têm acesso a um bolo que, no total, se calhar não é suficiente para alavancar a economia”, denunciou Francisco José Rosa, representante da CCIA, durante uma audição no Grupo de Trabalho que acompanha os fundos europeus na Assembleia Legislativa Regional, que esteve reunido em Ponta Delgada.

O empresário, que preside também à Câmara do Comércio e Indústria da Horta, lamentou que os apoios comunitários que se destinam ao setor privado no arquipélago levem “demasiado tempo” a serem disponibilizados.

“Houve empresas que estiveram demasiados anos à espera, o que fez com que muitos dos projetos que faziam sentido no início, quando foram aprovados e assinados os contratos, muitos dos pressupostos já não se verificavam e ficaram alguns deles desenquadrados da realidade”, lamentou Francisco José Rosa.

Na sua opinião, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) apresenta também algumas falhas que seria necessário corrigir, sob pena de se transformar em mais um programa comunitário sem grande utilização por parte dos empresários açorianos.

“Os fundos do PRR só vão ter algum impacto em investimentos públicos. Não está feito para os privados, pelo menos, para a maioria do tecido empresarial que existe nos Açores, o que faz com que nós fiquemos de fora, simplesmente, da maior parte dos avisos que são lançados”, explicou o empresário.

O representante da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores apontou também falhas nos apoios à formação profissional, previstos nos programas comunitários, que em seu entender não estão também desenhados para a realidade das empresas regionais.

“Estão completamente desadequados da necessidade do mercado. Precisamos de formações eficazes, de curta duração, e que tenham o impacto que é pretendido. Não é ter formações de dois ou três meses, muitas vezes com deslocações à mistura”, frisou Francisco José Rosa.

A audição parlamentar da CCIA ocorreu a pedido da bancada do PS na Assembleia Legislativa dos Açores, que pretendia ouvir as críticas dos empresários regionais e denunciar as fragilidades que considera existir nos apoios comunitários, geridos pelo atual Governo de coligação (PSD/CDS-PP/PPM).

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