É caso para dizer que a carroça vai à frente dos bois. A sofreguidão é muita e em política, inevitavelmente, isso provoca efeitos secundários: tira discernimento, facilita impropérios, estrangula as meninges, desorientaa tribo, leva ao insucesso, deixa a plateia em permanente estado de riso. Assim vai sendo a vida do segundo César na liderança do PS. Percebe-se a dificuldade. Na governação o tempo é efémero, na oposição torna-se uma eternidade. E esta inevitabilidade Francisco não consegue gerir. Aliás, tudo nele parece improvisação, salvo a estratégia de uma afirmação pessoal, centralizada, que alimenta um ego desmedido,num modo muito familiar de estar na política.
Em condições normais, a legislatura termina em outubro de 2028, sensivelmente dentro de quatro anos. Mesmo com eventuais incidências, possíveisnuma governação de maioria relativa, não está no horizonte a eleição do presidente do governo regional. Por isso soa patética a insinuação governativa, a pretensão institucionalde César cada vez que afirma “se o PS fosse governo”. Sempre que o faz, a personagem volta-se contra si própria e contra o seu passado recente. Proclamações vistosas com passado sombrio nunca foram grande valia. Nas últimas três décadas, os socialistas governaram durante 24 anos, tempo suficiente para fazer muito (ou quase tudo) do que urge fazer. Aliás, cada vez que ouvimos “se o PS fosse governo”, logo salta à evidência a baixa dos impostos, a redução dos programas ocupacionais e a tarifa Açores, entre tantas outras medidas, contestadas (e odiadas) por estes camaradas.