O Governo dos Açores defendeu hoje que a região está a recuperar “pouco a pouco” da “tragédia” do incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) e rejeitou que a situação na saúde esteja a desgastar o executivo.
Em declarações aos jornalistas, Artur Lima, número dois do executivo (PSD/CDS-PP/PPM), realçou que a transferência dos doentes do hospital privado da CUF para a infraestrutura modular do hospital de Ponta Delgada (HDES) foi realizada na quarta-feira em “segurança”, nove meses após o incêndio de 04 de maio de 2024 na maior unidade de saúde dos Açores.
“Haverá coisas que correm menos bem, nós cá estamos para corrigir no que for necessário. A transferência correu toda bem. Estamos pouco a pouco e com segurança a recuperar da tragédia do HDES. Está pronto o modular. Os doentes estão lá em segurança. Vai iniciar-se agora a recuperação do edifício do HDES”, declarou, na apresentação das conclusões do Conselho do Governo, em Ponta Delgada.
Questionado sobre um eventual desgaste do executivo devido à situação na saúde no arquipélago, Artur Lima rejeitou essa possibilidade, defendendo que não existiram “prejuízos” para os utentes.
“Não creio que a área da saúde tenha criado algum desgaste ao Governo Regional. Teria causado algum desgaste ao Governo Regional se tivesse causado algum prejuízo às pessoas e utentes. Que eu saiba correu tudo na normalidade”, vincou.
Na reunião do Conselho do Governo Regional, realizada na quinta-feira, foi aprovada a “realização de despesa com a aquisição de diversos serviços médicos” para “assegurar o funcionamento das Unidades Básicas de Urgência, Serviço de Atendimento Complementar e Unidades de Cuidados Continuados Integrados, da Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel” em 2025.
Hoje, o parlamento dos Açores decidiu admitir uma proposta do PS para criação de uma comissão de inquérito ao incêndio no Hospital de Ponta Delgada, mesmo depois de ter sido publicada, em Jornal Oficial, uma outra comissão, proposta pelo PSD.
Na quarta-feira, o hospital de Ponta Delgada voltou a ter capacidade para assegurar os cuidados que prestava antes do incêndio, com a operacionalização plena da infraestrutura modular, tendo recebido os doentes que estavam internados na CUF.
Em 29 de janeiro, o ex-administrador do HDES António Vasco Viveiros, antigo deputado do PSD/Açores, criticou a opção do Governo dos Açores pela construção de um hospital modular, defendendo, em alternativa, a recuperação daquela unidade de saúde.
O incêndio no HDES, na ilha de São Miguel, causou prejuízos estimados em 24 milhões de euros e obrigou à transferência de todos os doentes que estavam internados para vários locais dos Açores, da Madeira e do continente.
Entretanto, o executivo decidiu construir um hospital modular para garantir a transição até à requalificação estrutural.