A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) defendeu hoje que “não existem” dados que comprovem o estatuto como praga agrícola da rola turca nos Açores.

“Não existem dados que comprovem o seu estatuto como praga agrícola, nomeadamente o impacto direto nas culturas e a questão do levantamento dos custos económicos para os agricultores”, disse hoje Rui Botelho, da SPEA nos Açores.

O especialista falava na Comissão Especializada Permanente de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, onde foi ouvido no âmbito de uma proposta de lei apresentada pelo Chega/Açores, que visa incluir o rato, o morgando e a rola turca na lista de espécies cinegéticas.

De acordo com o especialista da SPEA nos Açores, o excesso de população “não pode ser gerido pela caça por se tratar de uma espécie excecionalmente periurbana”, podendo “existir outras abordagens para a potencial mitigação dos impactos causados por esta ave”, caso se verifiquem.

“Estamos preocupados com o que se passa na agricultura”, mas os problemas na área das pragas não serão resolvidos com “soluções simplistas” e sim com “um processo mais integrado”, defendeu Rui Botelho.

Já Azucena de La Cruz, também da SPEA, considerou que, numa primeira fase, qualquer tipo de controlo da ave “deverá passar por um esforço de gestão das fontes de alimento”.

Questionado sobre o uso de falcoaria para controlo das aves que se alimentam de uvas, Rui Botelho considerou que este “é um meio testado com sucesso”, mas caro, constituindo um “bom teste piloto e uma boa solução”.

Rui Botelho salvaguardou, contudo, que o milhafre “não é uma ave especialista neste tipo de caça”.

Na sua proposta, o grupo parlamentar do Chega/Açores refere que o rato e a rola-turca “são uma das pragas que mais danos causam à agricultura, afetando, economicamente, muitas produções da região”.

De acordo com a força política, este “tipo de praga constitui um perigo insofismável para a saúde pública”, uma vez que “permite a propagação de diversas doenças, entre elas a leptospirose, que todos os anos causa diversas vítimas”.

O Chega/Açores considerou ainda que se torna “perentório o recurso a outro tipo de meios de combate, nomeadamente através do uso de armas de fogo e armadilhas”.

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