O PSD/Açores considerou hoje, no parlamento regional, que a região apresenta “uma economia pujante e em crescimento contínuo”, mas a oposição socialista discorda e diz que enfrenta “grandes dificuldades” e degradação de indicadores sociais, económicos e financeiros.
“É hoje claro e evidente que os Açores apresentam uma economia pujante e em crescimento contínuo: a convergência do PIB [Produto Interno Bruto] (…) dos Açores, em relação com o país, é a melhor desde 2016 e, no que se refere à convergência com a União Europeia, a melhor nos últimos 11 anos”, afirmou o deputado Bruto da Costa.
Numa declaração política, no terceiro dia dos trabalhos da sessão plenária ordinária de julho da Assembleia Legislativa, na Horta, na ilha do Faial, o deputado social-democrata acrescentou que o PIB dos Açores “era de 4.469 milhões de euros em 2019, passando para 5.110 milhões de euros em 2022”, registando “um crescimento de 641 milhões de euros, que se traduz num aumento superior a 14%”.
Segundo o parlamentar do PSD, no arquipélago açoriano o Indicador de Atividade Económica “cresce há 34 meses consecutivos” e o Indicador de Consumo Privado “cresce há 36 meses consecutivos”.
“Estes resultados são fruto do empenho dos trabalhadores e dos empresários açorianos, das medidas do Governo Regional dos Açores [PSD/CDS-PP/PPM] liderado por José Manuel Bolieiro e do período de estabilidade de políticas públicas que a região atravessa”, justificou.
No debate, o deputado do PS Carlos Silva considerou que alguns dos números apresentados pelo PSD “são bons”, mas existem áreas que enfrentam problemas, como a saúde (devido ao incêndio no hospital de Ponta Delgada), a educação (falta de professores e de assistentes operacionais), a agricultura e as pescas. A nível social, indicou que a região “aumentou a sua taxa de risco de pobreza” e as empresas “enfrentam uma grave carência de mão-de-obra”.
“O PIB cresceu, é verdade, mas a taxa de crescimento da dívida cresceu muito acima do crescimento do PIB e isso onera as gerações futuras. Temos atrasos a fornecedores, temos prejuízos nas empresas públicas, no primeiro trimestre, em quase todas, com exceção da Eletricidade dos Açores (EDA)”, assumiu.
Carlos Silva afirmou ainda que a região “enfrenta hoje grandes dificuldades, grande instabilidade, e uma degradação de indicadores sociais, económicos e financeiros”.
Já Francisco Lima (Chega) alertou que a região continua “com os piores resultados” a nível da esperança de vida e de população e “a máquina do Estado não encolheu absolutamente nada e até aumentou”.
O parlamentar António Lima (BE) salientou que a riqueza criada “não é distribuída da mesma forma por todos” e os Açores “são a região com os índices de desigualdade mais elevados”.
Já Nuno Barata (IL) disse que o PSD abordou a economia regional e não tratou de questões transversais “porque não convém” e esqueceu “o aumento da taxa de pobreza e de exclusão social”.
O deputado João Mendonça (PPM) reconheceu que os bons resultados alcançados pelo executivo regional “são incontestáveis” e como eleito pela ilha do Corvo referiu que “desde que a coligação chegou ao poder, a ilha do Corvo entrou no mapa dos Açores”.
Por sua vez, Catarina Cabeceiras (CDS-PP) deu conta da necessidade de serem revertidos os indicadores “menos positivos” que se verificam na região.
O secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, Paulo Estêvão, disse que a intervenção do PSD “faz todo o sentido”, porque “é necessário, em todos os momentos, puxar os Açores para cima”.
Referindo-se à bancada socialista, aconselhou: “Não esqueçam o vosso passado, porque podem repetir os erros que cometeram. (…) Façam aquilo que ainda não fizeram, que é uma autocrítica sobre aquilo que não correu bem”.
Paulo Estêvão lembrou ainda que o executivo tem três anos e sete meses de governação e o PS reivindica permanentemente que se faça aquilo que ele não conseguiu fazer em 24 anos, quando esteve no poder.