A leviandade com que alguns falam sobre a SATA não deixa antever nada de bom. A sua cegueira ideológica, de que a gestão privada é melhor que a pública, já foi desmentida vezes sem conta. Exemplos de falência da gestão desastrosa dos privados e da sua sede de lucro não faltam. Nos bancos falidos, que ainda hoje estamos a pagar. Nas grandes empresas de comunicação social, que são tão rápidas a exigir dinheiro ao Estado e à Região, como a promover diariamente o liberalismo e defender menos Estado e menos serviços públicos. Nos hospitais privados, que só sobrevivem à custa do dinheiro retirado aos hospitais e centros de saúde públicos.
As nomeações para a SATA destinam-se, exclusivamente, a preparar a empresa e a opinião pública para a privatização: falam sobre a situação instável, mas agem para a agravar; dividem a empresa; e gerem o dia a dia mais comprometidos com a privatização do que com o serviço público que deve prestar. Quando privatizaram a TAP, também se disse ser para salvar uma companhia falida. Hoje, sabemos que foi vendida ao preço da chuva, que o acordo da privatização foi desrespeitado sem quaisquer consequências, que o serviço prestado se degradou e que a situação financeira piorou…
Quanto ao suposto oásis da liberalização do espaço aéreo nos Açores, era melhor olhar para os factos: a despesa do Estado aumentou, estamos mais dependentes das companhias privadas e o serviço está pior. Era bom não esquecer que os preços aumentaram desde a liberalização do espaço aéreo, e que nos garantiram precisamente o contrário! Nada que o PCP não tenha, na altura, denunciado… Desses alertas, que foram sempre ignorados, há um particularmente importante: porque é que há vários anos que não são pagas as compensações devidas pelo serviço público que a SATA presta? É que foi aí que começaram os prejuízos…
Resta-me a consolação de ser praticamente impossível privatizar a SATA, pelas consequências desastrosas para a atividade económica e para a vida dos Açorianos. Infelizmente, parte importante dos irresponsáveis políticos parecem mais interessados em servir os interesses privados… Cá continuará o PCP, a defender que sem a SATA pública não há desenvolvimento dos Açores! E é possível que a companhia volte a ser rentável. Para isso, basta que, de uma vez por todas, se nomeie uma equipa menos preocupada com os lucros dos privados e mais comprometida com os Açores!