Passado pouco mais de um mês da tomada de posse do novo elenco governativo, creio que o balanço que podemos fazer de toda a atividade política em Portugal é bastante negativo. A configuração parlamentar que a Assembleia da República encerra é, na minha perspetiva, o maior contribuinte para o aumento da polarização da sociedade civil, a passos largos.

Ora, é na Assembleia da República que Montenegro enfrentará os maiores desafios da sua governação. Depois da questão da descida do IRS, ou da questão do logotipo do Governo, a verdade é que tem sido quase impossível pôr em prática o programa que o Executivo entregou no Parlamento.

A última pedra no sapato da Governação de Montenegro foi a eliminação das portagens nas antigas SCUT. De facto, a aprovação desta medida proposta pelo Partido Socialista, e que contou com o apoio parlamentar do Chega poderá ser entendida como uma forma de condicionar a estratégia governativa e, também, uma espécie de formação de uma coligação negativa, no sentido de restringir a ação governativa.

O Partido Socialista, apresentou uma proposta que nunca defendeu em oito anos de governação. Teve o apoio do Chega e, a partir deste momento, o PS percebe que pode governar a partir do Parlamento. Ou seja, parecem estar criadas as condições ideais para o espartilhamento do PSD, através da limitação da sua ação governativa, sufragada no passado mês, convém relembrar.

O Governo, logo no primeiro mês, já iniciou negociações com professores, médicos e forças de segurança, na procura de respostas concretas para os principais setores da administração pública. A breve prazo, iremos perceber qual o resultado destas negociações, mas iremos perceber sobretudo que impactos eleitorais daí poderão surgir.

Aquilo que temos visto ao longo dos últimos dias, é que os três partidos com maior representação parlamentar têm agendas bastantes distintas e estratégias também elas consideravelmente diferentes. O corolário disto, é a instabilidade política decorrente não apenas do extremar de posições mas também tendo em conta aquilo que parece ser o cada vez mais inevitável cenário de eleições antecipadas.

A perceção da satisfação dos portugueses, decorrerá da primeira grande medição do pulso ao eleitorado, que será nas eleições europeias onde os partidos terão uma melhor consciência da avaliação do trabalho até aqui desempenhado, bem como das suas escolhas.

PUB