O Chega/Açores solicitou hoje esclarecimentos acerca da greve na empresa Atlânticoline, que dura desde março, denunciando que a paralisação tem causado “grandes constrangimentos” a utentes, sobretudo doentes e idosos, e empresários do grupo Central.
A greve de trabalhadores da Atlânticoline, empresa que faz as ligações marítimas entre denominadas as ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge) todo o ano, foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP) e começou no dia 07 de março.
Num requerimento enviado hoje à Assembleia Legislativa, os deputados regionais do Chega assinalam que a paralisação já motivou o cancelamento de várias ligações marítimas diárias.
Citado numa nota de imprensa, o líder parlamentar do partido na região, José Pacheco, refere que têm chegado à estrutura “muitas denúncias” por parte dos passageiros que utilizam os barcos da empresa entre as três ilhas.
“Temos conhecimento de pessoas doentes e idosas que têm de sair de casa de madrugada para poderem chegar à gare para apanhar o primeiro barco da manhã e, depois de terem uma consulta rápida ou fazerem um exame rápido, e têm de esperar até às 17:00 para regressar a casa, muitas vezes numa cadeira de rodas”, afirma.
O Chega lamenta também que a paralisação esteja a afetar o tecido empresarial, principalmente no setor do turismo, devido “ao cancelamento de reservas por falta de ligações marítimas”.
No requerimento, o partido pretende saber “se estão, de alguma forma, assegurados os direitos dos utentes das ligações marítimas, não esquecendo o direito incontestável à greve”.
Os deputados questionam se o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) “tem conhecimento dos transtornos causados por esta greve, nomeadamente através de queixas formais”.
“As reivindicações dos trabalhadores ao realizarem esta greve sem fim à vista são razoáveis e comportáveis pela empresa?”, questionam ainda os representantes do Chega, que querem também saber se estão a ser devidamente assegurado os serviços mínimos.
Por outro lado, o partido pergunta ao Governo Regional se tem “diligenciado junto da Atlânticoline forma de assegurar mais algum conforto aos utentes que necessitem de atendimento especial”.
Tendo em conta que se trata de uma empresa da esfera do setor público empresarial, sublinha José Pacheco, “o Governo [Regional] tem de diligenciar para responder às necessidades dos trabalhadores da empresa, mas não pode descurar as necessidades de quem usa aquele meio de transporte que é essencial para quem vive no grupo Central”
O SIMAMEVIP alertou recentemente que a greve na Atlânticoline “vai durar o tempo que tiver de durar” e insistiu na intervenção do Governo dos Açores.
A greve chegou a ser suspensa em 19 de março devido às negociações entre o sindicato e a administração, mas foi retomada e está agora marcada por tempo indeterminado.
O sindicato reivindica aumentos salariais de 15% para os maquinistas de 1.ª classe, valor que a administração da empresa considera financeiramente incomportável.
Em 15 de abril, a empresa açoriana reiterou vontade para chegar a um acordo com o sindicato e parar a greve. A administração reiterou então “a sua preocupação com o impacto negativo da greve na vida da população do Triângulo, principalmente dos utentes do Hospital da Horta provenientes do Pico e de São Jorge”.
A Atlânticoline transporta anualmente quase meio milhão de passageiros e cerca de 30 mil viaturas, sobretudo entre as ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), onde opera todo o ano, com recurso a quatro embarcações (dois navios e dois ferries