A leitura do acórdão do processo do homem acusado de duplo homicídio na ilha do Pico, nos Açores, foi hoje adiada pelo coletivo de juízes do tribunal, após a defesa ter apresentado um pedido de contestação.
Segundo a defesa, em causa estava uma pena acessória que o coletivo de juízes pretendia aplicar ao arguido, de 61 anos, e à sua mulher, de 53, e que passava pela expulsão do país, após o cumprimento de pena de prisão, decisão contestada agora pelo advogado dos suspeitos.
O coletivo de juízes deu um dia para que o advogado de defesa possa “analisar e requerer provas relativas à alteração substantiva dos factos da pena acessória” e adiou a leitura da sentença para a próxima segunda-feira, dia 11 de março, pelas 14:30, no Tribunal de São Roque do Pico.
O homem, de nacionalidade alemã e residente na ilha do Pico, é suspeito de, em setembro de 2022, ter matado dois amigos e queimado os corpos, quando estes visitavam uns terrenos em redor da sua casa, que alegadamente pretendiam comprar.
O detido, que inicialmente se declarou culpado, alterou depois o seu depoimento, que diz ter sido feito sob pressão das autoridades policiais, declarando-se agora inocente dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáveres e detenção de arma proibida.
A sua mulher está acusada de profanação de cadáveres e de posse de arma proibida.
A investigação teve início no dia 11 de setembro de 2022, “após a comunicação do desaparecimento de dois homens, com 74 e 65 anos de idade, ambos residentes na ilha do Pico”.
“Foram recolhidos indícios de que os dois homens desaparecidos terão sido vítimas de crimes de homicídio, com subsequente ocultação dos cadáveres, recaindo as suspeitas sobre um indivíduo de nacionalidade estrangeira, residente nas imediações do local onde o veículo utilizado pelas vítimas se encontrava estacionado”, avançou na altura a PJ.
Nas buscas domiciliárias à residência do suspeito “foram apreendidas duas armas de fogo legalizadas, para além de diversas armas em situação irregular, nomeadamente, um ‘boxer’ com lâmina acoplada, diversos punhais e um silenciador, compatível com arma de fogo”, acrescentou a Judiciária.
Segundo a PJ, a investigação desenvolvida “permitiu alcançar relevantes elementos probatórios de que os crimes de homicídio foram praticados junto da propriedade do referido casal, com recurso a arma de fogo, com subsequente ocultação e destruição dos corpos através de carbonização”.
A operação foi desenvolvida através do Departamento de Investigação Criminal dos Açores da PJ, com a colaboração da Polícia de Segurança Pública, da Guarda Nacional Republicana e da Polícia Marítima.