O presidente do PSD comprometeu-se hoje a dialogar quer com as forças de segurança quer com os agricultores, considerando justas as reivindicações de ambos os setores, mas sem quantificar promessas antes das eleições de março.

Luís Montenegro e representantes da coligação da AD (que reúne PSD, CDS-PP e PPM) reuniram-se hoje na sede nacional do PSD com a plataforma que junta sindicatos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e associações da Guarda Nacional Republicana (GNR).

“Há um país que cada dia se revela completamente diferente do que o PS andou a propagandear nos últimos tempos e continua a enaltecer, e temos em muitos setores uma grande instabilidade, um grande sentimento de injustiça”, lamentou Montenegro.

Sobre a reivindicação das forças de segurança, que reclamam um subsídio de missão equiparado ao já atribuído à Polícia Judiciária, Montenegro comprometeu-se a, “ato imediato após a posse” de um Governo que espera liderar, reunir-se com os seus representantes para quantificar como se poderá “reparar esta desigualdade”.

“O meu compromisso não é hoje quantitativamente concreto, em primeiro lugar, porque em véspera de eleições este não é o modelo de negociação”, disse, considerando, por outro lado, que as contas desta equiparação ainda não estão feitas.

O presidente do PSD considerou, contudo, que a reivindicação das forças de segurança “é justa e prioritária”.

“Este compromisso está assumido, não está quantificado nem pode estar enquanto não tivermos rigor absoluto no custo que esta medida poderá comportar. Mediante isso, podemos tomar uma decisão que pode ser gradual e projetada consoante as possibilidades”, disse.

Na sua declaração inicial aos jornalistas, Montenegro fez questão de se referir também à “enormíssima manifestação dos agricultores portugueses” que decorre hoje por todo o país.

“Denotam toda a sua frustração e desilusão com a falta de apoio por parte do Governo”, considerou.

Questionado o que pode a AD oferecer diferente aos agricultores, o líder do PSD respondeu: “Desde logo, dignidade e respeito”.

“Para mim a agricultura é um setor estratégico, estratégico para criar riqueza, para termos mais autonomia alimentar, para fixar pessoas no território”, disse, comprometendo-se também a ter membros num eventual Governo que tenham uma “relação dialogante e leal” com os agricultores.

Para Montenegro, os protestos quer dos polícias quer dos agricultores demonstram que “há razões para mudar de Governo, há razões para dizer que o PS está a deixar o país bem pior do que as condições em que o recebeu e muito pior do que tem dito nas suas intervenções”.

No final da reunião, o porta-voz da plataforma, Bruno Pereira, que é também presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Política (SNOP), confirmou que “não houve uma vinculação” desde já por parte do presidente do PSD, mas um reconhecimento “da justeza do que está em causa”.

Questionado se saiu mais confiante desta reunião ou da que já tiveram com o secretário-geral do PS, o representante da plataforma respondeu que “nem mais nem menos”.

“Compreendem a legitimidade do protesto, nem um nem outro assumem – porque alegam incapacidade por não terem funções governativas – que o vão resolver”, disse.

Bruno Pereira reiterou que a plataforma defende que deve ser o Governo ainda em funções a resolver “a injustiça material” que criou e admite que serão discutidas “novas formas de luta”.

“Não ouvimos uma palavra de conforto, de retratação pública, do primeiro-ministro, não gostaríamos que saísse do Governo sem resolver esta questão”, disse, lembrando que António Costa foi também ministro da Administração Interna.

O líder do PSD escusou-se a falar quer da situação política na Madeira e também da sua deslocação aos Açores, onde irá acompanhar no domingo a noite eleitoral.

 

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