O coordenador da Iniciativa Liberal (IL) nos Açores e candidato às eleições legislativas regionais de 04 de fevereiro, Nuno Barata, criticou hoje o apelo ao voto útil, alegando que só se fizeram reformas na região com governos minoritários.
“Eu espero que o povo açoriano perceba que só foi possível nestes últimos três anos, tal como foi possível entre 1996 e 2000, fazer algumas reformas apostando num partido reformista como a Iniciativa Liberal e não tendo maiorias absolutas no parlamento dos Açores”, afirmou, à margem de um almoço com dirigentes do partido, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
O líder da coligação PSD/CDS-PP/PPM, José Manuel Bolieiro, que formou governo em 2020 com o apoio parlamentar da IL e do Chega, pediu uma “maioria estável” e apelou ao “voto útil”.
Confrontado com estas declarações, Nuno Barata, que volta a encabeçar os círculos eleitorais de São Miguel e da compensação, disse que “quem faz apelos às maiorias absolutas e ao voto útil despreza os partidos mais pequenos” e “despreza os açorianos que querem fazer diferente”.
Acompanhado pelo líder nacional do partido, Rui Rocha, que admitiu, numa entrevista à Lusa, estar pronto para integrar um executivo com o PSD, mesmo que minoritário, o coordenador regional da IL voltou a fugir à pergunta sobre possíveis acordos pós-eleitorais.
“Vamos saber interpretar a vontade do povo açoriano no dia 04 à noite, da mesma forma que soubemos interpretar a vontade do povo açoriano em 25 de outubro de 2020”, frisou.
Questionado sobre se estaria mais confortável com um acordo para integrar o Governo Regional, Nuno Barata, que rasgou o acordo de incidência parlamentar com o PSD em março de 2023 e votou contra o orçamento para 2024, disse que a pergunta devia ser feita “a quem não cumpriu o acordo de incidência parlamentar e não a quem fez um esforço hercúleo para o cumprir”.
Já quando inquirido sobre se estava arrependido de ter assinado o acordo de incidência parlamentar respondeu: “Eu nunca me arrependo do que fiz, arrependo-me sempre do que não fiz”.
Sobre os recentes acontecimentos na Madeira, que invadiram a campanha nos Açores, o candidato liberal disse que a IL não perdoa “aqueles que se servem do Estado”.
“Mais do que outros que dizem que querem fazer limpezas, nós não permitimos a sujidade”, apontou.
Depois do almoço, a campanha seguiu para os estaleiros de reparação naval do porto da Praia da Vitória, “um ativo estratégico que foi desperdiçado” por todos os governos regionais, segundo Nuno Barata.
“O porto da Praia da Vitória é de relevante importância estratégica para a ilha Terceira e para os Açores em geral e tem sido utilizado como arma de arremesso de mentiras sucessivas, de quimeras lançadas sobre os terceirenses, que não trouxeram resultados”, acusou.
O cabeça de lista da IL pela ilha Terceira, Pedro Ferreira, defendeu a recuperação da reparação naval na Praia da Vitória e a criação de um parque de invernagem, que permita instalar empresas e fixar “jovens qualificados e bem remunerados”.
“Antes de gastarmos 30 ou 40 milhões em fazer crescer um cais de mercadorias, que não tem para já limitações, nós preferimos investir menos naquilo que é essencial e que tem maior e mais rápido retorno para a economia da ilha e da região”, justificou.
Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais: PSD/CDS-PP/PPM, ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, Chega, BE, PS, JPP e Livre.