O cabeça de lista do Livre pelo círculo de São Miguel às eleições legislativas regionais dos Açores, José Azevedo, afirmou hoje que o partido apresenta um paradigma diferente, pelo que faz sentido estar na Assembleia Legislativa.

“Temos uma visão diferente, trazemos uma visão diferente, um paradigma diferente, e, portanto, a nossa voz faz sentido no parlamento e é nisso que estamos a apostar”, afirmou à agência Lusa José Azevedo, que é também cabeça de lista pelo círculo de compensação.

Nas eleições regionais antecipadas de 04 de fevereiro, o Livre concorre em todos os círculos eleitorais com um manifesto no qual elenca 10 propostas estruturadas em três áreas, sendo a primeira a economia e democracia.

Considerando ser necessário “mudar radicalmente o sistema económico e político” que durante 48 anos de autonomia não conseguiu resolver problemas, o cabeça de lista preconiza uma discussão sobre “alterações profundas na forma como a política e a economia estão estruturadas”.

O Livre propõe a instituição das assembleias cidadãs, “formas de convocar os cidadãos de forma aleatória e representativa e pô-los a deliberar sobre aquilo que consideram as prioridades num determinado assunto”, sendo que na economia deve privilegiar-se “a produção local e, sobretudo, a organização das pessoas em cooperativas”.

Segundo José Azevedo, isto passa por “quebrar o modelo tradicional da competição e do lucro acima de tudo e pôr as pessoas a trabalhar em conjunto”.

Outra componente é a ambiental, com o partido, no seu manifesto, a incluir a declaração do “estado de emergência climática e ecológica e estabelecer um roteiro para a transição ecológica e social” ou a elaboração de uma estratégia regional para a biodiversidade.

Na área relativa ao Estado Social, o candidato frisou que “os direitos constitucionais não são um negócio”.

“Somos contra as vozes que, neste momento, se levantam contra o Estado Social. Com a desculpa de que as escolas não têm qualidade, que o Sistema Regional de Saúde está em degradação, a conversa é que é preciso financiar os privados e canalizar dinheiros públicos para as entidades privadas”, referiu, insistindo que o Livre é “absolutamente contra essa lógica”.

Para José Azevedo, esta lógica é “depois fortalecida com a ideia de que é preciso baixar os impostos e ilude-se as pessoas com a ideia de que vão pagar menos quando, na prática, o que se está a fazer é tirar-lhes a liberdade de educar os seus filhos na escola pública e ter habitação pública de qualidade e ter investimentos na saúde”.

“É preciso, também aí, uma voz a dizer não”, acrescentou.

O Presidente da República decidiu dissolver o parlamento açoriano e marcar eleições antecipadas para 04 de fevereiro após o chumbo do Orçamento para este ano. Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais, com 57 lugares em disputa no hemiciclo: PSD/CDS-PP/PPM (coligação que governa a região atualmente), ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, Chega, BE, PS, JPP e Livre.

Em 2020, o PS venceu, mas perdeu a maioria absoluta, surgindo a coligação pós-eleitoral de direita, suportada por uma maioria de 29 deputados após assinar acordos de incidência parlamentar com o Chega e a IL (que o rompeu em 2023). PS, BE e PAN tiveram, no total, 28 mandatos.

O círculo eleitoral de compensação elege cinco deputados. O de São Miguel, com 128.814 eleitores, o maior do arquipélago, elege 20 deputados.

Nas eleições regionais de 2020, o PS alcançou nove deputados, o mesmo número do PSD. Chega e Bloco de Esquerda dividiram os outros dois mandatos.

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