I
O Bloco de Esquerda Açores tem, espalhados por aí, uns cartazes com o apelo ao voto e onde consta escrito “Levar os Açores a sério”. A frase, seguramente maturada e com objetivos políticos definidos, deixou-me a pensar. E confesso que algo intrigado com as múltiplas questões na minha cabeça. O Bloco de Esquerda (BE) é o único adulto na sala? O BE é o único partido que leva os Açores a sério? São mais sérios do que os demais concorrentes? E desde quando tal acontece? Terão andado a brincar nos últimos 3 anos? Estão arrependidos por não terem posto termo à brincadeira dos últimos anos? Vão agora passar para o lado da solução? Estão disponíveis para, pela primeira vez, não votar contra o plano e orçamento? Vão abandonar o ADN de protesto? As perguntas podiam continuar. E seguramente há respostas para todas elas. O que não há, como diz o povo, é uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão. Entrar com o pé esquerdo não costuma dar bom resultado…
II
O Presidente do PS/Açores, numa das suas primeiras ações políticas de campanha que culminou com a apresentação da lista de candidatos do respetivo círculo eleitoral, na ilha das Flores, veio dizer aos Açorianos que o processo de valorização das carreiras ligadas à Saúde, dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, bem como dos enfermeiros, entre outros profissionais de Saúde, é “um processo para continuar”. Obviamente, a resposta não tardou. E surgiu com termos fortes. Descaramento, incoerência, etc.. Está dado o mote. A coligação não perderá uma oportunidade para puxar a fita atrás. Nada que possa surpreender os estrategas da campanha eleitoral do PS. No entanto, decidiram meter-se por caminhos estreitos. Seguramente, sabiam do efeito boomerang. E, mesmo assim, avançaram. O caminho nunca é fácil para quem está na oposição. E mais difícil se torna quando há áreas e assuntos que necessitam de pinças. Mas, como me dizia um velho lobo do mar, “quer-se ver um bom mestre é debaixo de mau tempo.”
III
A Juventude Socialista Açores – casa por onde orgulhosamente andei até passar a ser “cota” [mais de 30 anos] e da qual sou militante honorário – decidiu entrar na campanha eleitoral através de um cartaz. Um cartaz, que não sendo inédito no estilo e forma, leva a política para um campo em que não me revejo. Usar a imagem (fotografias) dos nossos adversários e fazer referências pouco dignificantes (“receita fracassada” e “ingredientes”) é um convite para uma dança num lamaçal. Nunca iria por aí. A minha JS não é esta. O meu cartaz seria outro. E há tanto por onde uma juventude partidária da oposição pode “pegar”. Sei que rebeldia e irreverência são sinónimos das “jotas”. Mas não pode valer tudo. Pelo menos para mim… que até acho que este tipo de ação tem sempre um efeito contrário ao pretendido!