Foram bastante difundidos os insultos, no passado 10 de junho, ao ministro da educação, ao primeiro ministro e ao presidente da república, por parte de alguns professores e de uma determinada estrutura sindical. Não vou discutir se eram, ou não, racistas, os cartazes mostrados nas comemorações do Dia de Portugal. Mas é evidente que são insultuosos e que serviram perfeitamente para a vitimização do governo da república. Também é importante ter presente outros factos menos difundidos: esta tem sido uma postura promovida, recorrentemente, por parte de uma estrutura sindical específica, estranhamente acarinhada pelas televisões e maiores jornais, com um tempo de antena que não coincide com a sua dimensão, capacidade de mobilização e de proposta.
A luta dos trabalhadores é, sem dúvida alguma, muito difícil. Por mais justas que possam ser as suas reivindicações, conquistá-las exige coerência, força, unidade e firmeza. Exige estar disponível para lutar pela melhoria da sua situação, seja por melhores condições de trabalho, salários justos, horários de trabalho mais humanos ou o direito a uma carreira. Mas exige, sobretudo, não entrar por atalhos ou por caminhos que, parecendo mais fáceis, são, na verdade, becos sem saída. Muito mais importante do que ganhar ou perder é manter, sempre, a dignidade, o respeito pela outra parte. É poder afirmar, em todos os momentos, que se agiu com sentido eticamente correto.
A situação dos docentes, no continente, é, objetivamente, difícil. Muito mais do que nos Açores. Carreira destruída, instabilidade e horários de trabalho infernais fazem parte de um difícil dia a dia. Infelizmente, esta não é uma situação isolada: é a realidade na maioria das profissões. A luta dos professores conta já com mais de 15 anos. Tem sido exigente e cansativa. O recurso habitual, por parte da FENPROF, à palavra Respeito é bastante esclarecedor. Os problemas arrastam-se e agravam-se há anos, e é por isso que as greves e as manifestações marcadas por esta estrutura sindical têm tido níveis de adesão elevadíssimos.
Pelo contrário, a opção habitual de outra estrutura sindical tem sido o insulto frequente, o recurso à mentira e a soluções de luta mais fáceis e populistas, como a de pagar a outros para fechar escolas, sem ter de fazer greve. É cada vez mais evidente que esta opção tem sido um favor feito ao ministério da educação, que aproveita estas atitudes incorretas, mas pontuais, a seu favor. E, por isso mesmo, é cada vez mais evidente que este caminho, seguido por uma minoria, prejudica seriamente a enorme luta sido movida pela esmagadora maioria dos professores.
A luta dos trabalhadores é, na sua essência, uma luta pela democracia. A resistência ao fascismo em Portugal demonstra isso mesmo: os trabalhadores são os primeiros interessados na conquista da democracia! E, por isso, quem recorre ao insulto, a soluções fáceis e populistas, está a agredir e a prejudicar a democracia e, em última análise, está a prejudicar a luta dos restantes, que optaram pelo caminho do Respeito e da Dignidade! Mesmo tratando-se de uma reduzida minoria… com muito tempo de antena.