O PS/São Miguel criticou hoje a atuação do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) na sequência de uma derrocada na Ribeira Quente, mas a secretária regional da Saúde disse que a resposta das autoridades foi “de excelência”.

Uma derrocada de grande dimensão obstruiu a única estrada de acesso à freguesia da Ribeira Quente, na Povoação, na ilha de São Miguel, que esteve isolada durante 15 horas, durante a tarde de terça-feira e madrugada de hoje, o que obrigou cerca de 50 pessoas a pernoitar no Centro Social das Furnas.

Em comunicado de imprensa, o PS da ilha de São Miguel exigiu explicações ao executivo açoriano pelo facto de o presidente da Câmara Municipal da Povoação, Pedro Melo (PS), ter denunciado a “total ausência de informação” por parte das autoridades regionais competentes, durante várias horas.

“Num cenário em que temos uma freguesia isolada e sem eletricidade há várias horas, em que existem dezenas de pessoas, entre as quais diversas crianças, a aguardar para regressar às suas casas, é, no mínimo, surpreendente que as autoridades regionais estejam sem contactar, durante várias horas, com o responsável máximo pela Proteção Civil municipal”, afirmou o secretário coordenador do PS/São Miguel, André Franqueira Rodrigues, citado em nota de imprensa.

Para o dirigente socialista, é necessário, nestas situações, que os membros do Governo Regional “mantenham um canal permanente de comunicação com os autarcas”, para que estes possam “contribuir para o esclarecimento da opinião pública”, “mobilizar todos os meios necessários e articular devidamente os cuidados que estão a ser prestados às pessoas afetadas”.

“Todos reconhecemos que estas situações são geradoras de dificuldades e, muitas vezes, colocam sob pressão os serviços públicos. Mas, ninguém compreende que a Secretaria Regional das Obras Públicas, por intermédio dos seus principais dirigentes, fique horas sem contactar o responsável máximo da Proteção Civil municipal. Há qualquer coisa que, neste caso, não funcionou e os governantes não podem, pura e simplesmente, estar ‘desaparecidos de cena’, sem prestar qualquer informação face ao que se estava a passar na Ribeira Quente”, vincou.

A secretária regional da Saúde e Desporto, Mónica Seidi, que tutela a Proteção Civil nos Açores, defendeu, no entanto, que a reposta dada na Ribeira Quente foi “uma resposta de excelência”.

“À medida que o Serviço Regional de Proteção Civil foi tendo registo de ocorrências, foram dadas todas as respostas, não só na Ribeira Quente como ao longo da ilha de São Miguel”, afirmou Mónica Seidi, em declarações aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem de uma reunião da Comissão Regional de Proteção Civil dos Açores.

A governante disse que, desde o início, “todos juntos, de forma sinérgica e articulada”, desenvolveram “todos os esforços para garantir tranquilidade à população e restabelecer o mais rapidamente possível a circulação de acesso à Ribeira Quente”.

“Apercebemo-nos que a freguesia estava isolada e que, durante a noite, poderia ser necessário prestar auxílio do foro médico a algum dos residentes que lá estavam. Nesse sentido, fizemos deslocar dois médicos e dois enfermeiros da equipa de catástrofe da Unidade de Saúde de São Miguel, que foram transportados por via marítima de Ponta Delgada à Ribeira Quente. Passaram lá a noite, ainda se encontram lá e por lá ficarão até ser reestabelecida toda a normalidade”, avançou.

Questionada sobre a falta de aviso à população sobre a derrocada, a titular da pasta da Saúde disse não ter essa informação, frisando que foram divulgados nos canais habituais os avisos meteorológicos do IPMA.

“Não podemos garantir de forma imediata que vai acontecer uma derrocada no sítio y ou x, porque não temos essa capacidade de previsão. Se há aspetos que podem ser melhorados? Certamente, mas penso que, de uma forma em geral, tivemos uma resposta de excelência e fomos capazes de nos adaptar às dificuldades que foram surgindo”, afirmou.

A agência Lusa tentou também contactar o presidente da Câmara Municipal da Povoação, mas até ao momento não foi possível.

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