O deputado e líder do Chega/Açores, José Pacheco, denunciou hoje que os armadores estão sem capacidade de frio para descarregar o pescado e questionam se o peixe existente nos entrepostos está a pagar o “preço justo” pelo armazenamento.

José Pacheco, que visitou hoje o porto de pescas de Ponta Delgada, considerou que os pescadores “têm um problema grave na ilha de São Miguel e nas outras”, uma vez que o entreposto está “completamente cheio de pescado”.

“É preciso perceber se o peixe congelado [no entreposto] está a pagar armazenamento e pelo preço justo. Não se pode aceitar que venha uma embarcação descarregar e não tenha onde colocar o peixe. Isso é a mesma coisa que dizer aos pescadores para não pescarem”, afirmou o líder do Chega/Açores, aos jornalistas.

Os entrepostos frigoríficos nos Açores são geridos pela empresa pública Lotaçor.

José Pacheco recorda que o Governo dos Açores prometeu aumentar a capacidade do entreposto frigorífico de Ponta Delgada ou construir um novo, a par de um barco de frio enquanto o entreposto da ilha do Pico está em obras, mas “não se vê nada”.

O dirigente partidário referiu ainda que “há barcos que podem pescar tudo e outras sem licença para pescar nada”, sendo que é preciso “começar a tratar os pescadores com dignidade, ou daqui a dias não há peixe e há que importar de Espanha”.

José Pacheco recorda que há dois anos esteve no porto de pescas de Ponta Delgada para abordar justamente a questão do entreposto frigorífico.

Dino Cabral, um dos armadores do porto de Ponta Delgada, denunciou que “não é solução” manter o peixe nas embarcações devido à sobrelotação do entreposto frigorífico, uma vez que “este vai perdendo qualidade”.

O armador reivindica “soluções rápidas” e refere que o atual entreposto de Ponta Delgada já deveria ter contemplado uma outra capacidade quando foi construído, sendo que armadores “têm aguardado quatro a cinco dias pela descarga” com o pescado no porão.

De acordo com Dino Cabral, o mercado atual “não é melhor para escoar o atum nesta altura”, o que promove a sobrelotação do entreposto, sugerindo-se o recurso ao entreposto da Madeira, que seria a “alternativa para libertar o pescado congelado em Ponta Delgada, nomeadamente o atum patudo, uma vez que os compradores são da Madeira”.

Atualmente, cerca de 34 embarcações com 12 pescadores, em média, a bordo [cerca de 400 profissionais de pesca], dedicam-se à safra do atum.

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