Cristiana Calisto PS/Açores

Os partidos da oposição nos Açores mostraram-se hoje preocupados com o estado das finanças públicas da região e acusaram o presidente do PSD/Açores de não abordar os “elefantes na sala” durante o 26.º congresso da estrutura partidária.

“Saio daqui com preocupações. O PS está preocupado com a situação da região. Foram aflorados vários domínios da sociedade e apresentados conjuntos de ideias, mas sem dados concretos”, denunciou a socialista Cristiana Calisto, em declarações à Antena 1/Açores, no final do 26º. Congresso Regional do PSD/Açores, que decorreu em Ponta Delgada.

A representante do maior partido da oposição – que marcou presença no encerramento, como as restantes forças – acusou o líder dos sociais-democratas açorianos e do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) de “deixar de fora” os assuntos como o “aumento da pobreza e da exclusão social”.

“Os açorianos não estão a sentir a vida a melhorar. Os Açores estão a regredir”, atirou a também presidente da Câmara da Lagoa.

Cristina Calisto destacou que o presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro (presente no encerramento), não anunciou o reforço de 150 milhões de euros nas transferências para os Açores, tal como reivindicado pelo arquipélago ao abrigo da revisão da Lei de Finanças Regionais.

“Isso é preocupante, porque as finanças públicas regionais estão numa situação pública de emergência”, considerou.

Também a representante do Bloco de Esquerda Jéssica Pacheco condenou a ausência de referências aos indicadores da pobreza e da desigualdade no discurso de Bolieiro e alertou para o estado das finanças públicas regionais.

“O que vimos foi o ignorar do elefante na sala. Temos um problema que é óbvio que é a falta de 150 milhões no próximo Orçamento [regional], completamente ignorada pelo presidente do Governo Regional […] e pelo próprio Luís Montenegro”, afirmou a bloquista, também em declarações à rádio pública.

Da parte da IL, Diogo Pimentel considerou o discurso de Montenegro um “grande fracasso para o Governo Regional”, uma vez que não foi anunciado o reforço de verbas para a região.

O liberal acusou Bolieiro de ignorar os “monstros” da governação regional relacionados com o aumento da dívida pública e o estado da companhia aérea pública SATA.

Já Dinarte Pimental, do PAN, criticou o anúncio de “medidas avulsas que não têm em conta o desenvolvimento harmonioso” da região e mostrou-se preocupado com o “desvario” do PSD para o neoliberalismo.

Aquando da divulgação do Orçamento do Estado para 2025, o secretário regional das Finanças, Duarte Freitas, recordou que a anteproposta de Orçamento dos Açores para o próximo ano prevê um endividamento até 150 milhões de euros “para o caso de não ser repristinada a Lei das Finanças das Regiões Autónomas no que diz respeito ao IVA”, o que não foi, nesta fase, inseridao nos documentos orçamentais.

 

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