O presidente do Chega disse hoje que há, da parte do partido, vontade de “formar um governo à direita” nos Açores, mas sublinhou que o diálogo para um executivo “de alternativa” depende dos compromissos que os sociais-democratas assumirem.
André Ventura acompanhou à tarde o líder regional do Chega e cabeça de lista pelos círculos de São Miguel e da compensação às legislativas regionais, José Pacheco, numa arruada pelo centro de Ponta Delgada, onde a candidatura distribuiu panfletos, canetas e cumprimentos.
“O Chega, neste momento, as exigências que faz é ter uma boa votação, ter um grande grupo parlamentar, e depois de domingo – José Pacheco tem dito isso incessantemente – nós avaliaremos as condições políticas”, afirmou aos jornalistas.
Segundo André Ventura, é já certo que “não voltará a haver um governo de acordo parlamentar” no arquipélago, como aconteceu após as eleições de 2020: “Ou há um governo de alternativa ou haverá um governo de outras forças que não do Chega e o Chega ficará na oposição a fazer o seu papel.”
Os objetivos nas nove ilhas, disse, são impedir que o PS governe – “tal como a nível nacional” – e, dependendo da força eleitoral obtida no dia 04 de fevereiro, conseguir com que o PSD se comprometa “com aquilo que não fez até hoje”, como combater com eficácia a corrupção.
“Há aqui vontade apenas de formar um governo à direita. […] Se continuarmos a medir egos à direita, provavelmente o que vai acontecer é que vamos perder todos”, disse, depois de ser questionado sobre as declarações do líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro, sobre a existência de um acordo entre a atual coligação no poder (PSD/CDS-PP/PPM) e o Chega para formar governo.
“Seriedade no combate à corrupção, na redução da carga fiscal e no fim das famílias no poder” estão entre os compromissos exigidos aos sociais-democratas pelo Chega para haver “caminho para começar a falar”.
Nas regionais de 2020, quando o PS perdeu a maioria absoluta de duas décadas, PSD, CDS-PP e PPM formaram uma coligação de governo com entendimentos parlamentares com o Chega e com a IL.
Os liberais romperam com o acordo em março de 2023 e meses depois, juntamente com PS e BE, votaram contra o Plano e Orçamento deste ano, que acabou chumbado. O Chega absteve-se, depois de ter votado favoravelmente os três Orçamentos anteriores.
André Ventura lembrou que entre os compromissos falhados está a criação de um gabinete de prevenção contra a corrupção que apenas foi constituído há meses, “sem competências e capacidade de intervenção”.
Questionado sobre as legislativas nacionais de 10 de março, o presidente do Chega reiterou que “a ambição é vencer” e, se assim acontecer, “formar um governo”, mas lembrou ser necessário que os maiores partidos esclareçam o que pretendem fazer na noite eleitoral.
“Mesmo que o PS tenha mais votos, o que vamos fazer é convocar todos os outros partidos para formar um governo alternativo ao Partido Socialista. Se o PSD não o quiser, está no seu direito, mas é uma escolha que o PSD tem de fazer”, afirmou.
O Presidente da República decidiu dissolver o parlamento açoriano e marcar eleições antecipadas para 04 de fevereiro após o chumbo do Orçamento para este ano. Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais, com 57 lugares em disputa no hemiciclo: PSD/CDS-PP/PPM, ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, Chega, BE, PS, JPP e Livre.