Vamos a votos, antes do tempo, por razões substancialmente diferentes. Na República, pelos desmandos de uma maioria absoluta, rapidamente desbaratada em sucessivos casos de polícia que envolveram administradores públicos, diretores gerais, Secretários de Estado e Ministros e o gabinete do próprio Primeiro-Ministro. Por cá, na sequência da reprovação do maior orçamento de sempre, no qual se incluíam medidas de grande alcance social e económico. Mas é assim a democracia e todas as decisões ficam, novamente, nas mãos dos eleitores.
O governo de Bolieiro não chegou, por isso, ao fim do seu mandato. Faltou tempo para cumprir o programa aprovado no Parlamento dos Açores e resolver todas as incidências vindas do passado socialista que o tempo foi revelando. A situação de falência técnica da SATA era conhecida, embora se julgasse com menor amplitude. A asfixia do Serviço Regional de Saúde, também. Igualmente a descapitalização e insolvência de muitas empresas públicas, como a conserveira Santa Catarina e a Sinaga. Sabia-se que as carreiras de professores, enfermeiros e técnicos de saúde careciam de urgente revisão. Que a resolução do desemprego e da precariedade laboral tinha prioridade absoluta. Tudo isso era evidente. Mas a realidade duplicava e triplicava a intensidade destes e de outros problemas, anos a fio escondidos pelo dr. Cordeiro – da falta de professores à degradação das instalações escolares e da saúde, do subfinanciamento das instituições sociais às dívidas a fornecedores, para não ir mais longe.
Voltar ao socialismo, nunca, por todas as razões.