A época festiva convida a assuntos mais leves, mas a questão é demasiado grave para passar em claro. Refiro-me à rusga policial da semana passada, que, segundo o primeiro ministro, faz parte da orientação transmitida pelo governo, alegando tratar-se de policiamento de proximidade. Revelou, assim, uma interferência inaceitável e sem precedentes no trabalho das Forças Policiais e deixou à vista um aproveitamento político inqualificável.
É útil recordar que os deputados do PSD e do CDS votaram contra as cerca de 20 propostas do PCP sobre esta matéria, no âmbito das alterações ao orçamento do estado para 2025. Foi assim chumbada a contratação de 3000 Efetivos Policiais, a valorização das suas carreiras, a aquisição de mais meios, entre muitas outras. Inclusive votaram contra a contratação de mais Agentes para os Açores, apesar da enorme falta que existe! Fica assim mais visível uma propaganda que procura distrair da ausência de soluções para os verdadeiros problemas do país.
Não estará em causa a legalidade da ação policial nem a atuação dos Agentes. O que está em causa é a orientação dada pelo governo e a sua tentativa de confundir criminalidade com comunidades imigrantes, numa velha estratégia de dividir para reinar, agravada pelo facto de essa orientação ser dirigida contra Cidadãos que trabalham. Será preciso recordar o papel de Montenegro e do anterior governo do PSD/CDS, quando Passos Coelho mandou os Portugueses emigrar e não serem piegas? Será que o atual governo pretende que os nossos Emigrantes sejam tratados desta forma?
O policiamento de proximidade implica, entre outros vetores, a presença regular de Agentes, desincentivando a criminalidade, dando segurança aos Cidadãos e permitindo a atuação rápida quando necessário. É particularmente eficaz quando conjugada com integração social e com a melhoria das condições de vida das populações. Olhando para os Açores, nomeadamente para a situação na cidade de Ponta Delgada, mas não só, é bem visível que estas linhas de atuação estão inteiramente ausentes da estratégia e da política do governo, que prefere criar ilusões a resolver os problemas!