Gualter Furtado

A quadra natalícia foi preparada e está a ser concebida nos Açores com o envolvimento eempenhamento de várias instituições públicas, privadas e religiosas, as cidades e as freguesias começam a ganhar luz e cor, os presépios multiplicam-se, os concertos de Natal também, preparam-se os reagrupamentos familiares e as ementas para a consoada, enfim é Natal, anuncia-se o nascimento do Deus menino.

O dia maior na celebração cristã, na igreja Católica Romana é o dia 25 de dezembro, data em que se celebra o nascimento do menino Jesus, que naturalmente é comungada por uma maioria significativa da população residente nos Açores. Não obstante, com o processo de imigração que se está a viver na Região Autónoma dos Açores, é normal que, dentro de um espírito de abertura religiosa e de tolerância, existam outras confissões religiosas que festejam o Natal, ou, outras manifestações com o mesmo significado, em data diferente e com rituais também diferentes dos católicos.

Presépio das Caldeiras das Furnas

Felizmente, nos Açores este Natal é vivido num clima de Paz, de tolerância e alguma solidariedade, dispondo as nossas Instituições dos instrumentos indispensáveis para desempenharem a sua Missão, embora num quadro de meios financeiros sempre insuficientes, alguns sinais positivos começam a surgir, como: a recente redução da taxa de risco da pobreza nos Açores, embora continuemos com a mais elevada taxa de risco de pobreza no País; a recente abertura de balcões na Segurança Social para atender a pessoa portadora de deficiência, um gesto de inclusão e como tal merece registo; a tomada progressiva de consciência que precisamos de mudar de rumo, e que este modelo económico e social que temos, bem como o nosso relacionamento com a República necessita ser revisto e atualizado, é positivo, já que sendo inegável, que este modelo é portador de resultados satisfatórios de melhor economia de bem estar, também é verdade, que ele não é sustentável, não elimina desigualdades, é pouco gerador de receitas líquidas positivas, e aprofunda as diversas dependências.

Paralelamente, este Natal é vivido na nossa Região Autónoma com alguns focos de exclusão social preocupantes, pessoas em situação de sem abrigo, alguma discriminação de que são exemplo os imigrantes, refiro-me ao exemplo do que se está a passar com o subsídio social de mobilidade para os residentes nos Açores, em que uma parte destes imigrantes legais a residir nos Açores está a ser excluída. É também de assinalar os malefícios e dramas que afetam pessoas e famílias que estão a ser tocadas pelas diferentes dependências, com as drogas “à cabeça”, a dificuldade de encontrar soluções de emprego nos Açores, adequadas à formação técnica e académica de muitos dos nossos jovens, empurrando-os para a emigração, é grave, e isto é particularmente sentido nas ilhas mais periféricas e pequenas, também se sente nos Açores uma falta da presença individual e organizada do exercício do dever e direito da Cidadania. Este espaço não deve ser ocupado exclusivamente pelas Instituições Políticas, designadamente pelos Partidos Políticos, estes têm a sua função e papel nas Democracias, mas a Sociedade Civil não pode nem deve prescindir do seu espaço e contributo, por aqui me fico e porque é Natal.

Uma “palavra” para o clima de incerteza, de conflitos e de violência que se vive por este mundo fora, que inevitavelmente tem consequências no País e nos Açores, já que como pequenas economias abertas e dependentes do exterior, não escapamos à globalização e aos efeitos de arrastamento económicos e outros, incluindo os decorrentes da guerra. A insegurança e a falta de previsibilidade do que se está a passar na Europa e em outros teatros do Mundo, condicionam sobremaneira a nossa vida e perspetivas futuras, razão que explica o facto das Instituições como a nossa Universidade necessitarem de meios adequados para desenvolverem e difundirem conhecimento e as ferramentas indispensáveis para nos prepararmos melhor para enfrentarmos um contexto de maior exigência e imprevisibilidade dos novos Desafios que por aí vem.

Finalmente, uma sugestão para aproveitarem um destes próximos fins do dia para se deslocarem ao Vale das Furnas, visitarem o seu Presépio das Caldeiras e darem um passeio pela Avenida e desfrutarem cada pormenor e verão que serão surpreendidos com belezas e manifestações da natureza extraordinárias, que merecem vividas em silêncio, com respeito, porque dificilmente podem ser observadas em qualquer outra parte do Mundo. Aproveitem este nosso Património Natural e enquanto é tempo

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