A Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH) pediu hoje “decisões urgentes” sobre o modelo de transporte marítimo de mercadorias, considerando que “não é aceitável a persistência do Governo Regional em não decidir” sobre a matéria.
“Não é aceitável, a nosso ver, a persistência do Governo Regional em não decidir sobre esta matéria, o que alimenta a inércia e a incerteza, prejudicando diretamente a resiliência do tecido empresarial”, aponta a CCIAH em comunicado.
A Câmara do Comércio adianta que enviou um ofício à secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, no qual manifesta a sua preocupação pública com este tema do transporte marítimo de mercadorias.
Para a associação empresarial, “é urgente” proceder à implementação das conclusões do Estudo sobre o Transporte Marítimo de Mercadorias para assegurar um sistema, entre o continente e os Açores, “mais previsível e equitativo entre todas as ilhas”.
“O adiamento de mudanças ao modelo vigente representa um obstáculo permanente, com consequências diárias, para o desenvolvimento regional, que não podemos admitir. Portanto, mais do que apresentações e palavras, pedimos ações concretas que conduzam a resultados visíveis a curto e médio prazo”, defende.
A direção da CCIAH insiste que a Secretaria Regional dos Transportes, Turismo e Mobilidade atue de “forma proativa”, colocando estas questões no topo das prioridades da agenda política regional no que diz respeito aos transportes.
A CCIAH convida o Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) a rever as suas políticas económicas, esperando que existam “sinais de que estão dispostos a abrir a economia ao exterior”, mesmo que para tal “tenham de retirar da equação as vacas sagradas de sempre, seja no setor dos transportes marítimos, seja noutras áreas relevantes para a região”.
A associação empresarial reitera a necessidade de implementação de um plano regional de privatizações “bem estruturado e focado nas áreas onde a gestão privada pode trazer melhores resultados”.
Segundo um comunicado divulgado a 10 de outubro pelo Governo Regional, a comissão técnica independente criada para avaliar o estudo sobre o transporte marítimo de mercadorias nos Açores defende a realização de uma escala semanal em todas as ilhas, a par de um reforço das ligações com o continente.
O Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) adiantou ainda que apresentou às câmaras de comércio dos Açores e aos operadores portuários as conclusões da comissão acerca do estudo sobre o modelo de transporte marítimo de mercadorias no arquipélago.
De acordo com o executivo, a comissão concorda globalmente com as conclusões do estudo e salientou a “importância de superar algumas restrições existentes à operação do tráfego local, de aumentar a eficiência de todo o sistema, em particular na operação e nos custos portuários e de reforçar os meios e equipamentos disponíveis nas infraestruturas portuárias da região”.
Ainda segundo o Governo Regional, os membros da comissão defendem, igualmente, a necessidade de “promover uma evolução progressiva do modelo, transitando entre os diversos cenários identificados no estudo, de modo a consolidar um modelo robusto que garanta frequências de abastecimento semanal a todas as ilhas, a operação de navios de cabotagem entre os portos continentais e os portos de Ponta Delgada e da Praia da Vitória, bem como uma articulação adequada entre a cabotagem insular e o tráfego local”.
Para aquela comissão técnica, o que se afigura “mais vantajoso e concretizável a curto/médio prazo” é a realização de uma escala semanal em todas as ilhas, “contribuindo para a coesão territorial e social entre as várias ilhas dos Açores”.
Além disso, a comissão defende um “reforço das ligações entre os Açores e o continente”, de forma a aumentar a oferta à disposição dos agentes económicos e, “em particular, a colocação de produtos frescos ou refrigerados no continente ao final da semana, contribuindo para a maior competitividade de algumas indústrias exportadoras” da região.
Citada na nota, a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, defendeu a necessidade de garantir que a evolução do processo se baseia “numa melhoria contínua, sem disrupções, com uma mudança gradual, racional e segura”, que “não coloque em causa o abastecimento a nenhuma ilha dos Açores em nenhum momento”.