Decorreu, este fim-de-semana, o 42º Congresso do PSD, em Braga. Foi lá que Montenegro aproveitou a cerimónia de encerramento para apresentar um conjunto de novas medidas. Prontamente, a oposição criticou aquilo que são os anúncios vazios do PM que são vistos como “uma mão cheia de nada”. Antes de irmos às medidas, vamos às novidades: O regresso de Leonor Beleza, tendo sido escolhida para primeira Vice-Presidente do partido, a militância de Bugalho e Cabilhas, a questão que envolve o tabu presidencial e os desafios autárquicos que se avizinham marcaram, inquestionavelmente a reunião magna dos sociais-democratas. No que diz respeito ao momento principal do Congresso laranja, as medidas ou decisões, como preferirem, anunciadas por Luís Montenegro incidiram em várias áreas. Vamos abordá-las e, em seguida, perceber a visão estratégica do Governo.
Desde logo, Montenegro anunciou a assinatura de um acordo histórico com Espanha, na Cimeira Ibérica, que decorrerá esta semana em Faro. O acordo garante caudais mínimos diários no Tejo, caudais ecológicos no Guadiana e o pagamento de água do Alqueva por agricultores do país vizinho.
No que diz respeito à segurança, o PM garantiu mais polícia nas ruas, bem como a implementação e reforço nos sistemas de videovigilância, de modo a garantir a segurança dos cidadãos. A violência doméstica também mereceu destaque no discurso de encerramento do Congresso, tendo Montenegro aproveitado para garantir mais apoios para um crime que considera ser indesculpável. Na área da educação, comprometeu-se a rever os programas de todas as disciplinas, especialmente a de Cidadania, com toda a polémica que isso envolveu e neste momento envolve, no que se refere a questões de âmbito ideológico.
Num daqueles que é, provavelmente, o tema quente no panorama nacional e internacional, Montenegro trouxe novidades quanto à imigração, anunciando a criação de dois centros de instalação temporária, um em Lisboa e outro no Porto, para acolher casos de imigração ilegal ou irregular. Além disso, ainda nesta área, anunciou o lançamento de um programa de atração de talento no estrangeiro para empresas e instituições de ensino superior, que abrangerá a simplificação de procedimentos administrativos e a garantia de condições de alojamento e formação profissional.
Creio que seria exaustivo elencar todas as medidas anunciadas pelo líder do PSD, todavia, considero ser importante perceber a estratégia política que me parece evidente. Como já tenho referido, a moderação ideológica do Chega e o aproximar de posições ao PSD, do ponto de vista das políticas, parece-me algo arriscado para o Partido de André Ventura que, terá adotado uma estratégia mais moderada devido às suas ambições governativas. Ora, a desorientação do Chega fez com que o PSD adaptasse a sua estratégia e rumo político. Montenegro percebeu que havia espaço para voltar a captar um eleitorado que se afastou do PSD por descontentamento relativamente a questões que lhes são tão relevantes como a imigração, ou a segurança. Aquilo que o PM parece procurar fazer é esvaziar os argumentos políticos do Chega, abrangendo assim o seu eleitorado. Na minha perspetiva, Montenegro está a jogar muito bem no xadrez político. Em primeiro lugar, nas negociações para o Orçamento de Estado, colocou-se à frente dos restantes e numa posição muito mais confortável, capitalizando com isso. Agora, parece querer absorver aquilo que foram algumas das principais bandeiras do Chega, demonstrando uma dominância no espectro político mais à direita, no contexto político nacional.
Ao longo dos próximos meses, veremos a quem é que esta estratégia irá beneficiar. Aguardemos.