Joaquim Machado, Deputado do PSD/Açores ALRAA

Os censos populacionais realizam-se com regularidade em Portugal, e também nos Açores, desde 1864 – os registos paroquiais eram até aí a fonte mais densa e rigorosa dos movimentos populacionais. À medida que o tempo foi passando e se foram aperfeiçoando os mecanismos de centralização e controlo do poder, no liberalismo, mais regular e credível passaram a ser os instrumentos estatísticos.

Entre os indicadores demográficos avulta, anualmente, o movimento natural da população. Pela primeira vez na sua história, em 2013 os Açores registaram um saldo natural negativo, mais óbitos do que nascimentos.

Escrevi então: “Sete ilhas açorianas caminham progressivamente para o despovoamento e registam o envelhecimento profundo das suas populações. E o mesmo se verifica particularmente nos concelhos de Nordeste e Povoação, na ilha de S. Miguel. Esta realidade demográfica compromete seriamente o futuro dos Açores e reclama políticas sérias, profundas e eficientes de apoio à natalidade e à família, assentes na diferenciação fiscal, nas ajudas sociais, na flexibilidade laboral e em infraestruturas ligadas à educação e à mobilidade”.
E a tendência não mais se alterou.

Só à entrada dos anos 2020, finalmente, a demografia – entenda-se a natalidade e o envelhecimento da população – começou a entrar no discurso dos políticos, uma nova problemática facilitada pela mudança na governação.

O fenómeno não é exclusivo dos Açores, mas tem de ser encarado aqui com determinação. Espanta ouvir quem no passado recente nada fez para prevenir ou combater o nosso inverno demográfico.

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