Vila Nova do Corvo

O executivo açoriano considerou hoje que as declarações do presidente da Câmara Municipal do Corvo sobre os estragos causados pelo mau tempo são de teor “gratuito” e associar a pronta intervenção a manobras eleitorais é “absurdo incompreensível”.

“São declarações que, tendo em conta o seu teor absolutamente gratuito, causaram uma profunda perplexidade”, referiu hoje o Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) num esclarecimento enviado à agência Lusa.

Na sexta-feira, o presidente da Câmara da Vila do Corvo, José Manuel Silva (PS), em declarações à Lusa, sobre os estragos causados pelo mau tempo que passou pela ilha na madrugada de quinta-feira, acusou o Governo dos Açores de “aproveitamento político” e de “manipulação da opinião pública”, desmentindo os danos provocados pelo mau tempo em várias casas, estradas e edifícios públicos.

“Nem a Proteção Civil Municipal, nem os bombeiros voluntários tiveram conhecimento dos prejuízos que o Governo Regional tornou públicos. Isto foi uma manipulação da opinião pública, uma pura desconsideração pelos corvinos, que ficaram estupefactos”, afirmou.

Hoje, o executivo regional esclareceu que os departamentos envolvidos na resposta à intempérie que atingiu a mais pequena ilha do arquipélago acorreram “às situações dadas a conhecer no comunicado tornado público pelo Governo Regional, do qual resultaram as ocorrências e os estragos” divulgados.

Na quinta-feira, o executivo açoriano indicou que a tempestade tinha causado danos avaliados em cerca de 200 mil euros em estradas, edifícios públicos e habitações.

Classificando aquela comunicação como um “autêntico exagero”, o autarca do único município da ilha do Corvo disse, na sexta-feira, “sentir-se na obrigação de repor a verdade”.

“Não podemos brincar com coisas sérias para eventualmente tirar proveitos políticos ou outros quaisquer [proveitos] à conta destas situações. Sejamos honestos e tratemos destes assuntos com dignidade e respeito”, reforçou.

Para o Governo Regional, “associar a pronta intervenção dos departamentos do Governo dos Açores às ocorrências registadas no dia 03 de outubro, a manobras eleitorais, constitui um absurdo incompreensível e revela, por parte do dirigente autárquico em questão, uma preocupante ausência da lealdade institucional, que deve presidir à relação existente”, no quadro da autonomia, entre o executivo e os municípios.

José Manuel Silva especificou que o mau tempo não causou danos na estrada leste da ilha, desmentiu a existência de quatro habitações com “telhados danificados pela chuva e pelo vento”, detalhando que “apenas uma casa ficou bastante afetada”.

Relativamente à unidade de saúde, a água só entrou “porque algumas janelas foram abertas pelo vento”, enquanto no polidesportivo existem infiltrações “há muitos anos”.

“Fazer referência e descrever os estragos verificados em edifícios do Governo Regional, nos casos em apreço à Unidade de Saúde da ilha do Corvo e ao polidesportivo, sem que tenha sido realizada qualquer observação no local por parte de qualquer funcionário camarário, muito menos qualquer peritagem, constituiu, por si só, um facto que descredibiliza as afirmações realizadas pelo autarca em questão”, considerou ainda o executivo açoriano.

O autarca do Corvo ressalvou, contudo, que “não está a minimizar” os efeitos do temporal, mas apelou a que “não se criem exageros”, nem “alarmismos”, dizendo que o município e os bombeiros não sabem como foi feita a avaliação dos prejuízos.

“Como é que em menos de 12 horas já estão contabilizados os prejuízos e avaliados em 200 mil euros? Quem foram os peritos que fizeram essa avaliação? Como é que se chega a essa avaliação em doze horas? Há aqui algum aproveitamento para que algumas situações que, não tendo sido resolvidas anteriormente, possam ser agora”, afirmou.

Quanto questionado, José Manuel Silva disse ainda que “se calhar foi o aproximar das eleições autárquicas” que motivou o “aproveitamento político”.

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