Uma empresa com sede nos Açores vai marcar presença, em agosto, na feira de videojogos Gamescom, na Alemanha, e o seu fundador, Marco Bettencourt, defendeu hoje que Portugal pode tornar-se num ‘hub’ internacional da indústria.
“Estamos a tentar, já há muito tempo, chamar a atenção da classe política para o quão importante é a indústria dos videojogos. E Portugal tem tanto talento, tem tantas condições. Os nossos estúdios estão cada vez mais profissionalizados e vê-se grandes estúdios internacionais a expandirem-se para Portugal. A própria indústria já sabe que nós temos um valor imenso. Infelizmente, os nossos grandes decisores ainda não estão muito atentos”, afirmou, em declarações à Lusa, Marco Bettencourt, CEO (diretor executivo) do Redcatpig Studio, com sede na ilha Terceira.
Pelo segundo ano consecutivo, a Redcatpig, que integra o consórcio eGames Lab, vai estar presente na Gamescom, considerada “a maior feira de videojogos do mundo”.
Em 2023, essa presença só foi possível através da parceria com outras empresas no consórcio eGmaes Lab, que concorreu às denominadas agendas mobilizadoras para a inovação empresarial do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Este ano, o pavilhão de Portugal, que tem o nome “Games from Portugal”, conta com uma parceria com a Associação de Produtores de Videojogos Portugueses, abrangendo mais estúdios de videojogos.
“É o maior evento de videojogos do mundo. No ano passado, teve cerca de 320 mil visitantes em cinco dias. É algo realmente significativo para toda a indústria e o facto de nós podermos estar lá com a bandeira portuguesa é extremamente importante para todo o ecossistema”, salientou Marco Bettencourt.
O Redcatpig Studio, que também já passou pelo Game Developers Conference (GDC), em São Francisco, nos Estados Unidos, e vai este ano ao Tokyo Game Show, no Japão, já “fechou vários negócios” neste tipo de feiras.
“Eu posso dizer à vontade que 99% de todos os investidores e dos grandes ‘players’ desta indústria estão nestes eventos, estão à procura e estão com vontade. Há que aproveitar e o facto de termos um ‘boot’ nestes eventos, que são eventos caríssimos, mostra profissionalismo, mostra que estamos a fazer algo bem e isso é extremamente importante”, salientou o empresário.
Segundo Marco Bettencourt, o eGames Lab foi um “primeiro passo importantíssimo” para impulsionar a indústria dos videojogos em Portugal, que agora “não pode parar”.
“Estar num evento destes e ter pessoas com nome na indústria a passar por nós e dizer ‘olha, eu tenho plena consciência de que Portugal vai ser o próximo hub mundial da produção de videojogos’ – ouvir isso de pessoas que estão na indústria há mais de 20 anos, por exemplo, é extremamente gratificante. Nós acreditamos nisso também. Sem dúvida”, apontou.
O empresário defendeu que a participação nestas feiras valida o investimento realizado pelo eGames Lab, no âmbito do PRR, e prova que Portugal tem jogos com “cada vez mais qualidade” e “mais promissores”.
Na Gamescom, que decorre de 21 a 25 de agosto, na Alemanha, vão ser divulgados cinco videojogos do eGames Lab: LabSin e The Cause, desenvolvidos pela WOWSystems e pela Fapptory, e Keo, Hover Shock e Steam & Steel, produzidos pela Redcatpig. Será ainda divulgada a plataforma Fout-io, desenvolvida pela Yacooba.
A RedcatPig, sediada no Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira (Terinov), já tinha ganhado prémios e atraído fundos da Portugal Ventures e da Best Horizon, mas a participação no eGames Lab, que integra 22 entidades, permitiu ganhar escala e aumentar a equipa.
“Ao abrigo deste consórcio, tivemos um acréscimo na ordem das 10 pessoas, mas ainda iremos contratar mais”, avançou Marco Bettencourt, acrescentando que a empresa abriu também espaços em Lisboa e na Madeira.