A Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo manifestou hoje “total e frontal discordância” com a opção da companhia de aviação SATA relativamente à venda de bilhetes nos Balcões da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC).

Em comunicado, a Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), com sede na ilha Terceira, refere que, depois do fecho de balcões da SATA em oito das nove ilhas do arquipélago dos Açores, a direção é confrontada “com a abertura de ‘55 novos balcões de venda de bilhetes SATA’”, referindo-se aos serviços RIAC.

A associação empresarial das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa considera que, perante a decisão, fica “cada vez mais difícil de entender onde se encontra a tão famigerada poupança”.

Na quarta-feira, em declarações à Antena 1/Açores, o presidente da SATA, Rui Coutinho, adiantou que os serviços das lojas da SATA, que encerraram naquele dia, vão ser transferidos para a RIAC, tendo o protocolo já sido assinado.

A CCAH refere na nota hoje divulgada que “junta a sua voz aos argumentos técnicos apresentados pela Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT)” e considera que a medida representa “uma concorrência desleal ao setor privado”.

“Enquanto uma agência de viagens é obrigada a ter seguros elevados de responsabilidade civil e licenças com custos avultados, a SATA e a Secretaria Regional com a tutela da companhia, brincam às agências com o dinheiro público, não se importando com o prejuízo que isso causará aos agentes de viagens”, lê-se na nota.

A associação empresarial também reitera que “existe uma clara e permanente interferência da tutela na companhia, o que sempre foi desmentido pela mesma”.

A CCAH apela, assim, “ao imediato abandono da medida”, alegando que os Açores, para evoluírem, “precisam de menos e melhor Estado”.

“Infelizmente, não é a isso que temos vindo a assistir”, lamenta.

A SATA anunciou em 19 de julho que iria reorganizar o modelo de atendimento, concentrando os serviços de venda de bilhetes, reservas e informações nos balcões do aeroporto e atendimento telefónico, em vez das lojas.

“A partir do próximo dia 01 de agosto, as companhias aéreas do grupo SATA, SATA Air Açores e Azores Airlines, concentrarão os seus serviços de atendimento aos clientes nos Açores (venda de bilhetes, alterações de reservas e informações gerais) nos balcões de aeroporto e através do Contact Center (serviço de atendimento telefónico)”, informou.

A SATA justificou que a reorganização está inserida “num plano mais abrangente e compreensivo que tem como objetivo assegurar a sustentabilidade da empresa a médio e longo prazo”.

A medida tem sido criticada por diversas entidades, como partidos, parceiros sociais e autarquias.

O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, disse na quarta-feira à Lusa que o executivo não interfere nas decisões do conselho de administração da SATA, mas avisou que, com o encerramento de balcões de atendimento, estará atento à prestação de serviços.

“Vamos acompanhar de forma muito vigilante toda a situação, confiante de que a SATA sabe o que está a fazer e não diminuirá a disponibilidade de serviços para a população, aliás, porque também quer, tanto quanto eu apurei, reforçar a capacidade de resposta do ‘call center’”, afirmou o chefe do executivo da coligação PSD/CDS-PP/PPM.

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