O presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo apelou hoje à calma, alegando que a elevação do nível de alerta sismovulcânico para V3 na ilha Terceira não obriga à tomada de medidas extraordinárias.

“Não aconteceu nada de extraordinário. Não há nenhuma mudança entre ontem e hoje, vamos continuar a viver as nossas vidas, continuar atentos, mas não há razão para estarmos mais ansiosos do que é costume”, afirmou o autarca, Álamo Meneses, em conferência de imprensa.

O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) elevou hoje o nível de alerta do vulcão de Santa Bárbara, na ilha Terceira, para V3 e do sistema vulcânico fissural da ilha para V1, devido à atividade sísmica “francamente acima dos níveis normais” e a “alguns sinais de deformação crustal” [nos corpos rochosos], que “indiciam a ocorrência de uma intrusão magmática em profundidade”.

Nos níveis de alerta vulcânico, V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”, de acordo com a informação disponível na página do CIVISA. O nível V3 confirma a reativação do sistema vulcânico, existindo sinais de atividade elevada.

A crise sismovulcânica na ilha Terceira decorre desde 24 de junho de 2022, tendo o evento mais energético ocorrido em 14 de janeiro de 2024, com magnitude de 4,5 na escala de Richter.

Álamo Meneses disse que elevação do nível de alerta era previsível e que a Proteção Civil municipal “já está em elevado grau de prontidão há vários meses”.

“Manteremos a vigilância, mas não há necessidade de alterar em que quer que seja o grau de prontidão dos diversos serviços”, adiantou.

A autarquia distribuiu este mês folhetos de autoproteção por todos os domicílios do concelho, apelando a que a população os discuta em família.

“Devemos continuar a manter as nossas vidas, estar atentos, ler o folheto que foi distribuído e termos mentalmente as questões preparadas para podermos agir com celeridade, mas, ao mesmo tempo, com calma perante qualquer situação que surja”, apontou o autarca.

O presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo garantiu “total transparência neste processo” e apelou ao fim da “circulação nas redes sociais de informações que não são fidedignas”.

“Da parte do município e do Governo Regional será feita uma comunicação imediata quando haja qualquer outro facto que aconselhe a que haja uma alteração das medidas em vigor”, assegurou.

Segundo o autarca, tendo em conta que a crise sismovulcânica na ilha Terceira “tem tido uma evolução muito lenta”, é natural que o nível de alerta V3 se mantenha por algum tempo, mas estas matérias “não são previsíveis”.

“Nós não temos forma de prever estas crises e por isso temos de nos manter atentos e tomar as decisões que é preciso tomar. Não há previsão nem nenhuma noção de que possa haver um agravamento. Aliás, o que agora será de esperar é uma manutenção durante um período muito alargado no V3, se não acontecer nada de extraordinário”, avançou.

O autarca disse que não há “qualquer grau de previsibilidade sobre onde será, se é que algum dia será”, um evento de maior magnitude.

“Não há nada que deva ser feito do ponto de vista de movimentação de pessoas de um lado para o outro, porque não há nenhuma condição que indique que há um lugar mais ameaçado do que outro”, explicou.

No último ano, o município instalou “uma rede mais densa de sismógrafos” e “estações de geolocalização de elevada precisão, que permitem detetar quaisquer movimentações”.

Tem recorrido ainda a imagens de satélite sem ter obtido até agora “quaisquer resultados que devam alarmar”.

Quanto à estrada que liga as freguesias do Raminho e da Serreta, fechada desde janeiro devido a uma derrocada provocada por um sismo, o autarca pediu maior celeridade na reabertura ao Governo Regional.

“É urgente que se proceda rapidamente à limpeza da vegetação e das pedras soltas na estrada, de forma a que ela possa ser utilizada, nem que seja uma utilização provisória e que se crie o tempo necessário para que se façam os projetos e as obras”, defendeu.

Álamo Meneses pediu ainda rapidez na pavimentação da estrada alternativa.

“Precisamos de ter uma rede de estradas suficientemente resiliente, para que, em qualquer momento, possamos fechar uma estrada e ter outra”, frisou.

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