Ontem (20 de maio) é dia dos Açores! Dia da nossa Autonomia enquanto Região com nove ilhas.
Dia comemorado, na cidade da Horta, com a partilha das tradicionais Sopas, como símbolo da essência da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: o Espírito Santo – uma celebração nascida de forma espontânea, por parte da população, que até hoje insiste em manifestar a sua devoção.
No entanto, não só de Sopas se vive este dia. A sua comemoração acontece, também, de forma institucional, e desta vez, na Casa que serve à Democracia e à nossa Autonomia. A Assembleia Legislativa dos Açores foi palco das intervenções da Primeira Figura da região, Luís Garcia como Presidente da Assembleia, do Governo Regional e dos partidos com assento parlamentar.
O Presidente do Governo Regional, José Bolieiro, não poupou críticas aos sucessivos Governos nacionais, afirmando, que “as obrigações do Estado só se cumprem se o Estado garantir que todos os cidadãos são tratados com igualdade pelo Estado, possibilitando-lhes as mesmas oportunidades, independentemente do seu local de residência”, esquecendo de que o seu Governo criou injustiças sucessivas, como foi o caso do Nascer Mais, que deixou de fora centenas de crianças, devido ao “seu local de residência”, para dar resposta a uma exigência cruel do chega.
Num feito inédito, José Bolieiro, conseguiu ignorar “o elefante no meio da sala” e não mencionar o maior fracasso da nossa Autonomia: a situação de risco de pobreza em que 25% da população açoriana vive. Como Presidente, que vai no seu quarto ano de mandato, deveria ter começado por pedir desculpa à população açoriana pelo facto de o seu Governo ter conseguido piorar os indicadores sociais, desta Região, levando a que mais 60 mil pessoas vivam sob e com a pobreza.
Os dados do relatório “Portugal, Balanço Social 2023”, arrasam as políticas executadas pela governação de direita, confirmando o crescimento dos índices de pobreza na região, da taxa de privação material e social severa, e entram em contrassenso com os números do aumento de pessoas empregadas nos Açores. Ou seja, demonstram que, apesar desses números, a pobreza aumenta. Mas, afinal, de que valores remuneratórios estamos a falar? De que tipo de contratos? Onde param os milhões que se dizem gerados pelo turismo?
Como tenho dito, o maior fracasso da Autonomia é não ter conseguido travar a pobreza e isto só será conseguido com um trabalho de complementariedade entre a Educação, Saúde, Habitação, Cultura, Trabalho e Ambiente. Medidas avulso já demonstraram a sua ineficácia!
Finalizo citando o sr. Deputado Russel Sousa que, na sua intervenção, afirmou que: ” a Autonomia deve estar ao serviço dos açorianos; deve ser um meio para alcançar as melhores e mais adequadas soluções para os desafios da região.”, e estou certa de que Zuraida Soares, finalmente agraciada com a insígnia autonómica de reconhecimento, concordaria, aliás, foram muitas as suas intervenções a afirmar o mesmo.