As eleições são sempre bons momentos para pensar na realidade que temos e preparar aquela que queremos. Olhemos, por isso, para a política da União Europeia e para os seus efeitos na nossa vida por cá. E é aconselhável olhar para lá da propaganda, muito afastada dos salários que encolhem, das explorações agrícolas que encerram, do peixe que somos proibidos de pescar sem investigação científica que o sustente ou da redução do investimento público. Tudo isto é consequência das decisões da União Europeia e, como tem dito o PCP, lá se fazem, cá se pagam.

Há muito tempo que a política da União Europeia foi definida de acordo com os interesses económicos das grandes fortunas e dos países mais poderosos, com a Alemanha e a França à cabeça. Nem a comissão europeia, nem o banco central europeu são democraticamente eleitos, apesar de determinarem boa parte da nossa vida. Também não os podemos fiscalizar, o que ilustra bem as suas ideias sobre a transparência e a democracia.

Não é possível agradar a gregos e troianos, nem definir uma política única adequada a países com caraterísticas e desenvolvimentos tão diferentes como França, Itália ou Portugal. Por exemplo, os efeitos da inflação foram particularmente devastadores para os países e regiões mais dependentes e de salários mais baixos, como Portugal e os Açores. A decisão do banco central europeu de não baixar as taxas de juro enquanto, nas suas palavras, “os salários não forem moderados”, eufemismo para baixar o poder de compra, mostra bem a distância entre o mundo real e o dos gabinetes, seja em Bruxelas ou em Frankfurt.

Isto e muito mais tem sido denunciado pela CDU, que teima em defender a necessidade de mais investimento público, de apostar na produção, de dinamizar a economia, de aumentar salários ou de valorizar os serviços públicos. E sugiro aos mais desconfiados que visitem o presta contas dos eurodeputados eleitos pela CDU. É que aí poderão ver que outra União Europeia é possível e também necessária!

PUB