A tragédia no Hospital do Divino Espírito Santo mostrou bem a importância de algumas peças centrais da nossa sociedade. Pelo seu brilhante desempenho a evitar uma tragédia maior, merecem aqui ser reconhecidas. Bombeiros, pessoal do Hospital, Forças Armadas e uma lista enorme de outros serviços, de gente incógnita, mostraram coragem, eficácia e dedicação perante o perigo. Colocaram em primeiro lugar a saúde dos doentes e o bem geral, seja na evacuação e no rápido restabelecimento dos cuidados para com os doentes, seja na extinção do incêndio. Para último ficaram as preocupações com a saúde e o bem estar dos próprios.

Merece também ser reconhecido o apoio imediato do setor social e solidário, que não retirou qualquer proveito deste drama. No setor público, centros de saúde e hospitais, da Região, da Madeira e do Continente, reorganizaram-se para assegurar os cuidados de saúde prioritários.

Perante isto, há que olhar para os trabalhadores e voluntários que asseguram serviços públicos essenciais. Sem eles, sem o seu profissionalismo e dedicação, não teríamos esses serviços – o que deveria ser reconhecido pelo poder político, não apenas nos discursos de circunstância, mas, sobretudo, através da sua valorização real.

Outro facto importante foi reconhecido pelo próprio presidente do governo regional: o significativo desinvestimento nas infraestruturas e equipamentos do Serviço Público de Saúde. É preciso inverter esta opção política, que já tem várias décadas e cujas consequências ficam, normalmente, mais ocultas. Desta vez, ficaram bem à vista.

Finalmente, é impossível compreender este desinvestimento sem olhar para os dinheiros públicos desviados para os grandes privados da saúde. A mesma verba, colocada no público, teria um retorno na saúde dos cidadãos muito mais significativo. O melhor exemplo é, precisamente, o hospital privado. Tivessem esses milhões de apoios públicos sido investidos nas infraestruturas do HDES e este drama poderia ter sido evitado ou reduzido significativamente, na sua dimensão e consequências. Ou se a sua propriedade tivesse passado para a região, quando foi rasgado o contrato inicial que permitiu esses apoios públicos, com a venda à CUF, teríamos agora uma outra infraestrutura pública, o que reduziria a gravidade da situação atual…

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