O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, transmitiu ao Presidente da República que os comunistas usarão “todos os meios”, institucionais e de “ação e combate”, para que o “projeto de retrocesso da direita” não seja concretizado, revelou hoje o partido.

“Esse projeto de retrocesso da direita contará, desde o primeiro minuto, com a oposição firme do PCP, e não será pelo PCP que esse projeto será implementado no nosso país. Utilizaremos para isso todos os meios que tivermos ao nosso dispor, quer no plano institucional, quer no plano da ação e do combate, onde for necessário, e foi isso que reafirmámos junto do senhor Presidente”, afirmou Paulo Raimundo.

Numa declaração enviada às redações, o líder comunista argumentou que o resultado das eleições de domingo, com “três milhões de votos na direita”, “não responde às necessidades do povo, às necessidades dos trabalhadores”.

Paulo Raimundo encabeçou a delegação do partido que foi recebida na quarta-feira pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, mas, em dia de greve geral dos jornalistas, saiu sem prestar declarações.

“O senhor Presidente, agora, em função dos dados eleitorais, que ainda não estão completamente conhecidos, terá de tomar as decisões que entenda. Da nossa parte, ficou claro o caminho pelo qual estamos empenhados”, sublinhou.

Na mensagem que os comunistas levaram a Marcelo Rebelo de Sousa, Paulo Raimundo defendeu que esteve ausente da campanha eleitoral “toda a matéria da injustiça, da desigualdade, e das questões centrais dos salários e das reformas, que é preciso resolver de uma vez por todas”.

Para o PCP, trata-se de “matérias que vários e importantes protagonistas deixaram de fora do debate político e da centralidade que é merecida”.

Paulo Raimundo insistiu ainda na ideia segundo a qual “o período que levou desde a cessação da assembleia e o ato eleitoral foi um período demasiado longo”.

De acordo com os resultados provisórios divulgados pela Secretaria-geral do Ministério da Administração Interna, sem os círculos da emigração, a Aliança Democrática (AD), que concorreu no continente e nos Açores, elegeu 76 deputados.

Somando a estes resultados os três eleitos na Madeira por PSD e CDS-PP, que concorreram juntos nesta região sem o PPM, dá 79 mandatos – 77 do PSD e 2 do CDS-PP.

O Chega foi a terceira força polític com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, apuramento que começa na segunda-feira e se prolonga até quarta-feira.

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