O estigma relativo à saúde mental persiste. Uma realidade triste. Tendo já a saúde mental sido identificada como uma necessidade para o total bem-estar da pessoa, não se entende como seja possível que, ainda hoje, exista um preconceito acentuado relativamente às pessoas que passam por situações complicadas na sua vida e que, não aguentando a pressão, acabam por desenvolver depressões ou outras patologias do foro mental.

São muitas as situações que podem desencadear uma depressão. A precariedade no trabalho, baixos rendimentos, falta de habitação, uma doença, abusos, entre outras.
Ao contrário do que se pensa, não acontece só aos outros. Pode acontecer a qualquer pessoa, mesmo àquelas que insistem em tratar a falta de saúde mental como algo relativo a pessoas “fracas”, “instáveis emocionalmente “, e que insistem em dizer que o trabalho cura. A depressão não é “frescura”!

Contrariando o que é vulgarmente afirmado, a falta de saúde mental, não atinge somente pessoas adultas e/ou idosas. Infelizmente, cada vez são mais frequentes casos de adolescentes e jovens que, por variadas razões, desenvolvem patologias.

A nossa região não é exceção. Temos de ser realistas e assumir o problema real com que adolescentes, jovens e famílias se deparam. Só pode ser corrigido e melhorado o que identificamos e não “varremos para o lado”.

Nos últimos dias, tomei conhecimento de dois casos que me chocaram profundamente. Para além de o facto de adolescentes terem de rumar a Portugal continental, por falta de resposta pública na intervenção terapêutica de adolescentes e jovens, passam, ainda, por um entrave se o seu regresso acontecer antes dos 18 anos.

A falta de especialistas na área da pedopsiquiatria, nos Açores, condiciona o regresso desses jovens. Ou seja, as famílias que se veem obrigadas a pagar do seu bolso (caso tenham condições para tal) para visitaram os seus filhos e as suas filhas, confrontam-se com o seu regresso impedido pela falta de especialistas que os/as acompanhem até aos 18 anos.

Famílias e jovens são duplamente penalizados pela falta de resposta pública. Se bem que a carência desta especialidade não é recente, importa saber que nada foi feito para a alterar.
Somos nós que precisamos de médicos e das diferentes especialidades. Como tal, deve ser a região a criar as ferramentas necessárias para que haja captação dessas e desses profissionais, não obrigando as pessoas a procurarem resposta no privado quando muitas não têm condições financeiras para tal.

Sendo este o meu último artigo enquanto candidata ao parlamento regional, e desconhecendo o resultado do ato eleitoral, lanço um repto às e aos futuros deputados. Não descurem da saúde mental. Lutem por uma resposta atempada, no nosso Sistema Regional de Saúde, que permita evitar desfechos fatais.

Por muito que se fale em rácios, estes devem ser entendidos como os mínimos definidos, pois sabemos bem que os rácios podem estar desadequados das respostas necessárias.

A saúde mental é uma componente integral e essencial no direito à saúde. Nunca se esqueça que, na maior parte das vezes, é a falta de saúde mental que leva a comportamentos aditivos, nomeadamente o consumo de droga!

Não hostilize!

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