A CDU/Açores defendeu hoje, na campanha para as legislativas regionais de fevereiro, o reforço da produção e da diversificação agrícola, referindo o setor como um exemplo dos baixos salários recebidos no arquipélago, que “não permitem fugir à pobreza”.
“Tudo quanto é produção agrícola em São Miguel foi sendo deixado ao abandono ao longo não só destes três, quatro anos de governo de direita, mas também pelos anteriores governos”, disse o cabeça de lista pelo círculo de São Miguel, Rui Teixeira, à porta da Unileite – União das Cooperativas Agrícolas de Laticínios da Ilha de São Miguel, nos Arrifes, no concelho de Ponta Delgada.
À hora de entrada de vários trabalhadores, a partir das 07:00, o candidato e o coordenador regional do PCP, Marco Varela, juntamente com alguns militantes, estiveram a distribuir panfletos a quem se preparava para picar o ponto, lembrando a importância de aumentar os salários.
“Aquilo que mais fica é a ideia de que quem produz a riqueza não fica com a fatia da riqueza que seria justa, e que é preciso efetivamente subir salários”, disse aos jornalistas.
A coligação PCP/PEV (atualmente sem representação parlamentar nos Açores) propõe um aumento de 5% para 10% o acréscimo regional que, no arquipélago, se atribui face ao salário mínimo nacional. A medida é justificada com os custos da insularidade.
No entendimento de Rui Teixeira, é preciso acabar com um modelo de vencimentos reduzidos nas ilhas: “Não basta aumentar o salário mínimo, é preciso aumentar todos os salários. Não podemos ter um cenário em que as tabelas salariais vão sendo eliminadas pelo salário mínimo e toda a gente começa a receber o mesmo”.
Sobre o setor do leite em particular – embora referindo que se pode generalizar o problema -, o candidato lamentou que, apesar da qualidade, o preço médio pago ao produtor na ilha seja de cerca de 40 cêntimos, quando a nível nacional é de 46,5 cêntimos.
“Isto não é por acaso, é resultado da liberalização, de uma economia liberal. Nós, com as nossas condições e características insulares, acabámos por ficar penalizados nisso”, afirmou, acrescentando que o leite insular tem rendimento seguro.
A diversificação agrícola, destacou, é um objetivo e uma aposta necessária, desde o mel às flores, passando pelas frutas, entre outros produtos. A carne tem sido um investimento também, embora “não seja nenhuma garantia de futuro”.
Depois de um grande investimento por parte dos agricultores, “hoje produz-se muito mais com menos equipamento, com menos custo e com menos área”, pelo que, para Rui Teixeira, “o problema do setor não é da responsabilidade dos agricultores – é resultado de uma aposta no abandono da produção para enriquecer rapidamente outros grupos que não têm nada a ver com o interesse da ilha”.
O coordenador regional do PCP lembrou que os trabalhadores açorianos ganham cerca de menos 100 euros do que os do continente e defendeu que um aumento dos vencimentos permite dinamizar a economia.
“É uma questão de opções. É possível subir salários”, declarou, indicando também o reforço da produção regional como uma “alavanca determinante […], até numa perspetiva de redução da dependência externa em relação aos alimentos”.
Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais de 04 de fevereiro, com 57 lugares em disputa no hemiciclo: PSD/CDS-PP/PPM (coligação que governa a região atualmente), ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, Chega, BE, PS, JPP e Livre.