A nossa Região bate recordes nos piores indicadores sociais, liderando os piores lugares das tabelas. A educação não fica de fora dessa realidade.

Nos Açores, o abandono precoce dos estudos tem uma taxa de 27%, enquanto a média nacional é de 8,9%, o triplo da média nacional e a mais alta de toda a Europa.

Um em cada quatro jovens até aos 34 anos não trabalha nem estuda. Não existe uma cobertura na rede pública a 100% na educação pré-escolar e as valências de creche continuam a ser asseguradas por instituições privadas.

Com uma taxa elevadíssima no que diz respeito às desigualdades sociais, que foi de 36%, em 2022, fixando os Açores como a região mais desigual de Portugal, a alta taxa de abandono da escola acaba por não admirar.

A tomada do poder pela direita – PSD, CDS e PPM com o apoio da Iniciativa Liberal e do chega, durante os três anos de legislatura, insistiu na meritocracia, esquecendo o facto de os pontos de partida serem muito diferentes para as e os jovens açorianos.

Bolieiro, Artur Lima e Paulo Estêvão, que formam a coligação candidata às próximas eleições, desconhecem a realidade de uma grande parte da população açoriana que subsiste com enormes dificuldades e que muitas vezes necessita do trabalho das e dos seus filhos para assegurar o pagamento das contas mensais. Por outro lado, desconhecem as consequências de diferentes ambientes familiares, das experiências que se vivem e a forma como estas influenciam as opções num determinado período da vida.

Bolieiro elegeu, em setembro de 2023, como objetivo de uma governação que nunca foi sua, diminuir as taxas de abandono precoce de educação e formação nos Açores, no espaço mais curto possível. Mas, onde estava nestes inícios de anos letivos caóticos, com portões das escolas encerrados devido à falta de adultos? Onde estava quando se constatou a falta de docentes para assegurar as aulas a crianças e estudantes? Onde estava quando as escolas não tinham verba para despesas correntes como o papel higiénico? Onde estavam Bolieiro, Artur Lima e Paulo Estêvão que não executaram os incentivos para captação de professores?

Sabemos onde estavam quando reiniciaram a bolsa de instabilidade e precariedade, fomentando a exploração de pessoas, ao abrigo de programas ocupacionais e de bolseiros, como resposta à falta de pessoal adulto nas escolas.

Toda a direita, em três anos, conseguiu tornar ainda pior o nosso sistema de escola pública, aquela que é para todas e todos. Agiu cirurgicamente na classe docente, de forma a assegurar a sua sobrevivência política, mas deixou de lado os problemas estruturais da educação.

Neste momento, temos jovens desmotivados e desocupados, sem aspirações futuras numa região marcada pela pobreza, prevendo um longo caminho de trabalhos precários.
PSD, CDS, PPM, IL e chega não entendem a escola como impulsionadora de progresso e democratização. Não entendem a escola como o único elevador social de qualquer sociedade, infelizmente.

O BE leva a educação a sério e tem propostas para inverter a realidade atual. Levar a educação a sério passa pela contratação e renovação de quadros de pessoal auxiliar; pela criação de bolsas com pessoal para assegurar substituições; pela execução e criação de novos incentivos para docentes; pelo pagamento das propinas a jovens universitários.

Levar a educação a sério passa essencialmente por apresentar uma perspetiva diferente a estas gerações. Um futuro! Uma região que lhes garanta um futuro.

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