Ilda Baptista, Mestre em Gestão Pública

Ia já longa a década de 30 quando o governo de ditadura de Salazar achou que seria giro construir um Portugal para os pequeninos brincarem. Por volta de 1950 também fez parte do rol de monumentos as nossas Portas da Cidade representando os Açores no reino da brincadeira.

Os Açores de facto são pequeninos, mas aqui vivem cerca de 240 000 almas que precisam ser respeitadas a começar por aqueles que os governam. Nestes últimos 3 anos parece que estivemos realmente no Portugal dos Pequeninos, brincando à governação. Se essa brincadeira não tivesse qualquer consequência até que não haveria qualquer problema… era apenas uma brincadeirinha…

O problema é que no mundo dos adultos as coisas são um pouco mais complicadas e as consequências de uma má governação saem muito caras a todos os aqui vivem agora e viverão no futuro.

O problema começou quando há 3 anos, e apesar de ter sido o PS a ganhar as eleições, o PSD, o CDS e o PPM, que até nem se davam assim tão bem e até cortavam na casaca uns dos outros, decidiram que seriam best friends forever. Arranjaram uns padrinhos que se diziam dispostos a dizer ámen a tudo, escrevinharam uns acordos para os acalmar e seguiram em frente julgando que seriam felizes para sempre. Na cantiga foi também o Presidente da República e seu vassalo que, por motivos indizíveis, não tiveram olhos para ver que o espírito de missão e a competência faltava a todos.

A partir daqui foi um falatório nestas ilhas pois proclamavam aos 4 ventos as suas palavras de ordem: era a centralidade do Parlamento, era a humildade democrática, era também uma altivez desmesurada, eram assessores e técnicos especialistas para isto e para aquilo e quando as coisas não davam certo era culpa do PS.

Agora… parece que… acabou a brincadeira… ai jesus quem acode, quem me faz passar o orçamento?…

Agora que os partidos se posicionam para lhes retirar a confiança, porque não aceitam eles com a mesma devoção a centralidade do Parlamento? Porque insistem em ficar, custe o que custar, dizendo já que não se vão demitir? É preciso ter um descaramento!

E como diz o nosso povo: agora fora de brincadeiras, os Açores não podem dar-se ao luxo de se atrasar perante o mundo e estes 3 anos foram efetivamente um escandaloso atraso.
É tempo de fazer bem feito. E rápido, de preferência.

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