O queijo São Jorge DOP (Denominação de Origem Protegida) está presente no mercado dos cinco continentes e “tem muita importância” para os Açores, de acordo com o presidente da União de Cooperativas Agrícolas de Laticínios da ilha.

Segundo António Aguiar, quando se fala deste produto reconhecido no país e no mundo, os restantes queijos da região vêm atrás. Está presente no mercado nacional e em 34 países, sendo que os Estados Unidos da América e o Canadá são os dois mercados estrangeiros mais fortes.

“Nós estamos nos cinco continentes. Até conseguimos chegar com o queijo de São Jorge à Austrália”, sublinhou o dirigente da Uniqueijo – União de Cooperativas Agrícolas de Laticínios de São Jorge.

O responsável disse à agência Lusa que este ano, na ilha, a estimativa de produção global aponta para 26 milhões de litros de leite de vaca, o que representa um aumento relativamente a 2022, quando foram contabilizados 25.400 milhões.

A produção de leite estimada para este ano representará uma produção de cerca de 2.200 toneladas de queijo.

Na ilha de São Jorge (com perto de 8.400 habitantes, segundo os Censos de 2021) existem atualmente 20 mil animais de raça bovina (cinco mil são vacas leiteiras) e cerca de 200 lavradores que produzem leite para fabrico do queijo.

A Confraria do Queijo São Jorge faz a certificação e o controlo do queijo produzido pelas três cooperativas da região demarcada, que corresponde ao território da ilha de São Jorge (11 freguesias dos municípios de Velas e Calheta): Uniqueijo – União de Cooperativas Agrícolas de Laticínios de São Jorge (Beira, Velas), Cooperativa Agrícola de Laticínios dos Lourais (Ribeira Seca, Calheta) e Finisterra – Cooperativa Agrícola de Laticínios do Topo (Santo Antão, Calheta).

As três cooperativas produzem a sua própria marca e estão autorizadas a produzir “Queijo São Jorge – DOP” com as apresentações “inteiro, fatiado, ralado e centros”, sendo que as características do produto “devem estar em conformidade com o Caderno de Especificações do Queijo São Jorge”.

Da produção total da ilha, cerca de 34% é certificado, segundo o presidente da Confraria do Queijo São Jorge, António Azevedo.

O responsável também indicou à Lusa que o queijo tradicional, de acordo com o caderno de especificações, pesa entre 10 e 11 quilos e, no mínimo, tem de ter três meses de cura, embora na região essa fase se estenda até aos 36 meses.

Os queijos mais ‘velhos’ são mais valorizados no mercado, mas o valor médio do quilo é superior a 10 euros, referiu António Aguiar, da Uniqueijo.

O queijo São Jorge DOP é um produto tradicional e muito apreciado, obtido a partir de leite de vaca cru.

A sua produção remonta ao século XV e ao início do povoamento da ilha. O fabrico foi incentivado pela comunidade flamenga, com experientes produtores de bens alimentares como a carne, o leite e os seus derivados.

Produzido exclusivamente na ilha de São Jorge desde que esta foi descoberta (século XV), deve a sua especificidade às características dos pastos abundantes nas zonas de média e elevada altitude, “além da perícia e dos saberes dos queijeiros jorgenses”.

O Governo dos Açores anunciou em setembro que vai iniciar o processo de candidatura do queijo de São Jorge DOP a Património Imaterial Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, na sigla em inglês), para valorizar o produto.

O executivo vai criar uma comissão técnica que irá preparar a candidatura, um processo que “poderá demorar de um ano a dois anos”, segundo o secretário Regional da Agricultura, António Ventura.

A candidatura envolverá o Governo Regional, as autarquias, os produtores e a Federação Agrícola dos Açores.

 

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