A candidatura do queijo açoriano de São Jorge DOP (Denominação de Origem Protegida) a Património Imaterial Mundial da UNESCO colocará o produto “num patamar superior” ao atual, admite o presidente da Confraria Queijo São Jorge.

“A confraria vê com bons olhos essa iniciativa”, disse António Azevedo à agência Lusa.

O dirigente da confraria, que tem sede no município de Velas, na ilha de São Jorge, referiu que o queijo já é reconhecido com uma Denominação de Origem e que uma eventual distinção pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) iria colocá-lo “num patamar superior de divulgação e de interesse para a região, o continente português e a nível internacional”.

A Confraria do Queijo São Jorge, fundada em novembro de 1991, é uma associação científica e cultural, responsável pela preservação e pela promoção do produto DOP e também pela sua certificação.

Segundo o seu presidente, a associação “vê com bons olhos” tudo aquilo que seja feito “para dignificar o queijo de São Jorge e promovê-lo”, como é o caso da candidatura a apresentar pelo executivo do arquipélago.

O Governo dos Açores anunciou em setembro que vai iniciar esse processo, para valorizar um dos mais conhecidos produtos da região.

“Tendo em conta aquilo que é uma agricultura genuína em São Jorge, porque não há alteração do método de produção [do queijo], no modo como se obtém o leite e no modo como se transforma o leite – é, de facto, uma especificidade que tem 400 anos -, interessa que passe acima de DOP, tenha uma qualificação, um atributo, que o reconheça, novamente, a nível mundial”, justificou o secretário regional da Agricultura, no momento em que fez o anúncio da candidatura.

António Ventura explicou que o dossiê a submeter à UNESCO abrange “o saber fazer” relacionado com todo o processo de fabrico do queijo de São Jorge, “em que não há alteração desde a sua origem, desde os povoadores, até agora”.

O Governo dos Açores vai criar uma comissão técnica que irá preparar a candidatura, um processo que “poderá demorar de um ano a dois anos”, envolvendo o executivo do arquipélago, as autarquias, os produtores e a Federação Agrícola dos Açores.

O queijo São Jorge DOP é um produto tradicional e muito apreciado, obtido a partir de leite de vaca cru.

O início da produção remonta ao século XV e ao início do povoamento da ilha. O seu fabrico foi incentivado pela comunidade flamenga, com experientes produtores de bens alimentares como a carne, o leite e os seus derivados.

Produzido exclusivamente na ilha de São Jorge desde que esta foi descoberta (século XV), deve a sua especificidade às características dos pastos abundantes nas zonas de média e elevada altitude, “além da perícia e dos saberes dos queijeiros jorgenses”.

 

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