O presidente do PS afirmou que o Orçamento para 2024 merece elogios até em setores conservadores, assinalou dislexia política no líder do PSD quando este falou em “Orçamento pipi” e pediu aos socialistas cultura de retificação de percursos.

Estas posições foram transmitidas por Carlos César em conferência de imprensa, no final da reunião da Comissão Política Nacional do PS, que teve como tema central a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2024.

“Como já foi reconhecido por vários observadores, inclusive pelo líder do PPD [Luís Montenegro], este é um Orçamento bem apresentadinho. Portanto, não precisamos muito de defender algo que nós apresentamos quando aqueles que é suposto oporem-se reconhecem a sua validade”, declarou.

Carlos César, no entanto, demarcou-se de Luís Montenegro, quando este afirmou que o país está perante um Orçamento “pipi”.

Para o presidente do PS, o Orçamento apresentado pelo Governo caracteriza-se pelo “equilíbrio, com melhores salários, diminuição de impostos, atenção especial à habitação e aos jovens, mas sem colocar em causa o futuro”.

“É um Orçamento do Estado muito virtuoso. Evidentemente, não partilho a opinião do líder do PPD quando, daquela forma peculiar como se expressou, com uma certa dislexia política, entendeu catalogar este Orçamento como sendo pipi. Não, não é um Orçamento pipi, mas um Orçamento que constrói com segurança e avança responsavelmente na recuperação dos rendimentos e da economia portuguesa, dando confiança para o futuro”, contrapôs.

Na intervenção inicial, Carlos César citou os elogios de comentadores políticos conservadores à proposta de Orçamento, defendeu que o documento é cauteloso “em relação a eventuais situações excecionais” resultantes da conjuntura internacional e considerou que o PS “está atento aos protestos”.

“O PS deve estar cada vez mais atento às insuficiências, às falhas que são inevitáveis no exercício de funções governativas e, sobretudo, deve ser cada vez mais capaz de aprender com isso, de corrigir quando for o caso e retificar percursos quando tal se afigurar absolutamente necessário. Essa cultura do PS deve ser estimulada e contrariar a ideia de que estamos sempre no caminho certo”, reforçou.

Na perspetiva do presidente do PS, é com esse sentido que se “recupera” a confiança, numa alusão às sondagens, e manifestou-se confiante que os socialistas vão vencer as eleições europeias e as regionais dos Açores.

Em relação às mais recentes sondagens sobre intenções de voto em eleições legislativas, observou mesmo que o PS deixou de estar em queda, mas que, agora, “a perda de confiança pelo eleitorado atinge o PPD”.

Interrogado sobre a crise que se desenvolve no setor da saúde, tal como o primeiro-ministro, António Costa, também Carlos César sustentou a tese de que o problema não é de financiamento do Serviço Nacional de Saúde, mas de organização, ou seja, de qualidade de gestão.

O presidente do PS reconheceu disfuncionalidades em diversos setores públicos, em particular na saúde e na educação, e advogou que as respostas não devem caracterizar-se pela dureza, mas sim pelo realismo.

Na Comissão Política Nacional do PS, a intervenção mais crítica partiu do dirigente da corrente minoritária Daniel Adrião, que voltou a criticar “a falta de democracia interna no PS” e lamentou que a última reunião deste órgão se tenha realizado já há 11 meses.

“As reuniões dos órgãos nacionais do PS não devem realizar-se quando dá jeito ao secretário-geral. Devem realizar-se de acordo com a periodicidade prevista nos estatutos do PS. Este é um problema do sistema eleitoral, que dá excessivo poder aos líderes partidários”, acusou.

 

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