O deputado da Iniciativa Liberal (IL) no parlamento açoriano, Nuno Barata, alertou hoje para as dificuldades orçamentais sentidas pelas Unidades de Saúde locais, situação que atribui à “má gestão” do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM).
Nuno Barata, que visitou hoje a Unidade de Saúde da Ilha Terceira, referiu que o Governo açoriano, “que quer mudar de paradigma”, que “se diz reformista”, “transformista”, “não pode, de forma alguma, passados três anos”, manter as Unidades de Saúde “em todas as ilhas dos Açores com os mesmos problemas que vinham do passado, que é a questão da desorçamentação”.
O problema, explicou, deve-se ao facto de as Unidades de Saúde de Ilha “começarem cada ano económico já com um défice para pagar”.
“Ou seja, aquilo que é transferido para as Unidades de Saúde e aquilo que são as dotações orçamentais para as Unidades de Saúde, já não são sequer o suficiente para colmatar as despesas que essas Unidades de Saúde reportam à Secretaria [Regional da tutela] como necessárias para aquele ano”, afirmou o deputado, no final da visita à Unidade de Saúde da Ilha Terceira.
Nuno Barata acrescentou que no setor da saúde verifica-se “um acumular de situações” em que a culpa não é “da redução da dívida pública ou da redução das necessidades de endividamento da região”.
“É mesmo de má gestão dos recursos que a região tem e que não dá à saúde aquilo que a saúde precisa”, lamentou.
Na visita à ilha Terceira, que serviu para auscultar a população, conhecer novos projetos e fiscalizar a ação governativa nas diversas áreas, o também líder da IL/Açores deu o exemplo da Unidade de Saúde local que deve às farmácias “cerca de nove milhões de euros”.
“Ora, isso é dívida que vai ter que ser paga pelos açorianos, um dia. E é dívida que tem juros, tem custos financeiros, e os custos financeiros dessa dívida são à volta de 150 ou 160 mil euros, que davam, por exemplo, para resolver o problema da falta de viaturas para os domicílios que esta Unidade de Saúde tem”, salientou.
Insistindo que “há má gestão na saúde”, Nuno Barata lembrou que tem alertado para a situação desde o início da legislatura.
“Nós temos dois sistemas informáticos, um dos hospitais e outro das Unidades de Saúde, que não falam um com o outro. Um médico, neste momento, pode estar a prescrever um medicamente no serviço de urgência do HSEIT [Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira] a um doente que saiu daqui [da Unidade de Saúde de Ilha] ontem [quinta-feira] com outra prescrição e esse doente vai à farmácia e avia as duas receitas”, exemplificou.
Para o deputado, desde o início da atual legislatura que o Governo Regional dos Açores devia de “ter posto fim a esse assunto”.
“Neste momento, ninguém tem controlo sobre quem receita o quê, quem avia na farmácia o quê. Só há um controlo ao nível da Direção Regional [de Saúde] para se pagar a fatura e os Centros de Saúde pagam sem saber o que é que estão a pagar”, acrescentou.