Bem sabemos que o mês de agosto é sempre recheado de assuntos que parecem não interessar a ninguém, e esse calor serve também com frequência para o governo tentar fazer passar algumas artimanhas entre os raios de sol.
Com a maioria das pessoas na praia, é fácil aprovar diplomas e traçar ofícios sem levantar muitas ondas. Só que nem todas as pessoas foram para a praia, este ano.
As e os agentes culturais, por exemplo, acabaram por ficar em casa, a aguardar pelos apoios às suas atividades, que ainda não chegaram. Muitas e muitos ficaram a contar moedas para poder dar pão aos filhos, e a pensar na personalidade jurídica da fome.
Entretanto, eis que a direção regional de Duarte Chaves envia para a sua Secretaria a lista dos apoios a conceder, e eis que a mesma é publicada em jornal oficial, em agosto, claro está.
Feitas as contas, a lista nem chegava bem a 15% do valor originalmente anunciado por este governo, no começo de 2023.
Efeitos da dívida zero? Não houve pronúncia do topo da rua do Galo. O que é certo é que algo se passou no Palacete Silveira e Paulo, e foram muitas e muitos que passaram noites sem dormir, à espera de saber se tinham dinheiro para sobreviver até ao final deste ano.
Por fim, passadas horas de angústia, aguardar uma solução para um problema criado pelo governo Duarte Chaves, alegadamente terá chegado uma nova comunicação, desta vez do gabinete da Senhora Secretária.
Ao que parece, ali já não moram inimigos da literatura e da cultura, mas parece que ainda moram inconstâncias.
É que os apoios que Duarte Chaves não quis atribuir, indo mesmo contra os próprios júris do regime de avaliação, afinal parece que serão atribuídos, porque Sofia Ribeiro, Secretária Regional da Educação e dos Assuntos Culturais, terá invalidado a decisão do seu diretor.
Analisados todos estes passos, fica-se com muito mais dúvidas do que certezas. Acima de tudo, importa perguntar se faz falta a presença de um diretor cujas sucessivas decisões mal tomadas só servem para serem invalidadas pela sua superior hierárquica.
Quase que poderíamos ponderar, ao abrigo do espírito da dívida zero, sugerir que deixasse o lugar vago. Talvez as e os agentes culturais passassem menos necessidades.
Importa, também, perceber o que Duarte Chaves, com assento na Comissão Regional de Tauromaquia, tem a dizer a respeito da, cada vez mais recorrente, morte de animais durante a prática da tourada à corda.
Só no dia 17, na Agualva, na Terceira, morreram três animais, sem que se saiba de fonte oficial as razões para o sucedido.
Não pretende o sr. diretor regional averiguar o que se passa para que tal ocorra com cada vez mais frequência? Não merece tal facto, a sua ponderação?
Pois, provavelmente não merecerá, afinal faleceu uma pessoa, na largada das Sanjoaninas e nem um “ai” oficial se ouviu.
Sob o mote do “Povo quer é ação”, vai-se distribuindo “papas e bolos”.