Os presidentes de câmara de São Miguel exigiram hoje ao Governo dos Açores uma “reflexão séria” sobre o desenvolvimento da ilha, que “não pode ficar para trás”, reivindicando investimentos nas acessibilidades, nas infraestruturas e no combate à exclusão social.
“Vimos aqui falar com o senhor presidente do Governo dos Açores para sensibilizá-lo para uma reflexão séria sobre o posicionamento de São Miguel no contexto do desenvolvimento económico e social, cultural e ambiental que todos ambicionamos para os Açores”, afirmou o presidente da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel (AMISM).
Pedro Nascimento Cabral falava aos jornalistas após uma reunião com o líder do executivo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), o social-democrata José Manuel Bolieiro, na sede da Presidência, em Ponta Delgada.
Após a audiência, que juntou os seis presidentes de câmara de São Miguel, Nascimento Cabral alertou para um “conjunto de preocupações que são transversais” e “preponderantes” para que a ilha “continue a ser uma alavanca importantíssima na elevação do setor económico e social dos Açores”.
“Viemos dar conta da nossa preocupação relativamente a um conjunto de infraestruturas que se mostram essenciais para a projeção de São Miguel na próxima década”, afirmou.
Entre as infraestruturas está o aeroporto João Paulo II, que precisa de “melhores condições”, e o porto comercial de Ponta Delgada, que tem sofrido “constrangimentos nas cargas e descargas”.
“É urgente, na ilha de São Miguel, começarmos a fazer uma reflexão séria sobre a construção de um molhe comercial”, sublinhou.
O social-democrata, que preside ao município de Ponta Delgada, também defendeu a “requalificação das comunicações terrestres”, avisando que existem várias freguesias, como a Bretanha, os Mosteiros ou a Ponta Garça, com “dificuldades de acesso”.
Os autarcas estão também preocupados com o fim das ligações marítimas entre São Miguel e outras ilhas: “Perdemos as ligações com Santa Maria. Não temos ligações com as ilhas do grupo Central. É fundamental fazer pressão para que haja essa ligação marítima.”
O líder da AMISM considerou que os “focos de pobreza e exclusão social carecem de uma intervenção mais eficaz do Governo Regional” e criticou a ausência dos municípios na ‘task-force’ criado pelo executivo para combater as drogas sintéticas.
Os presidentes das câmaras municipais exigiram também explicações sobre a nova configuração prevista para os cabos submarinos, que vai implicar uma “perda de dois milissegundos” na conexão.
“Ainda não nos explicaram de forma clara porque é os cabos submarinos vão sair de São Miguel e vão para a Terceira. Precisamos que alguém nos elucide de forma clara e inequívoca das vantagens dessa deslocalização”, declarou o representante.
São Miguel, indicou, concentra “70% da economia” dos Açores e representa “dois terços da população” do arquipélago.
“Queremos que São Miguel não fique para trás e não fique esquecido. O investimento nessas infraestruturas são essenciais para alavancar toda a nossa economia”, concluiu.